Se tem "indústria", tem operário

Há algumas semanas, o trânsito de Jundiaí passou a ser pauta presente no boteco, na fila do banco, na recepção do Cartório, no balcão da padaria, na banca da feira, no ponto de ônibus, no táxi, na sapataria, na sorveteria, no escritório, na sala de aula, até no cortejo fúnebre.


Por uma fúria insana das massas que adoram esbravejar, teve até genro abrindo um dedo de prosa com a sogra só para falar mal dos gestores da Secretaria de Transportes (Setransp) de Jundiaí. Motivo? Instalação de 35 novos equipamentos que colocam a cidade em uma espécie de “big brother público”.

Os novos “espiões” são capazes de “pegar no pulo” quem avançar sinal vermelho, parar sobre a faixa de pedestre, exceder a velocidade permitida e fizer conversão proibida.
Infelizmente, fazemos parte de um povo que não gosta de aprender pelos simples estabelecimento da regra. Se o semáforo fechou, não passo. Se a velocidade é 70km/h, devo andar a 69, não, 80. Se a faixa de pedestre existe tenho de estacionar antes dela e, não, sobre ela. Contudo, parece que cumprir as regras é chato. O divertido é transgredi-las.

Concordo que o número de novos radares pareça exorbitante. O custo mensal também tem cara de exagero –R$ 180 mil/mês– depois que entrarem em operação. Uma pausa. Já retomo meu gancho. 

O que me deixa intrigado é que  os atuais gestores jundiaienses gostavam de dizer, em prosa e verso, que a indústria da multa era coisa de tucano. E agora? Virou coisa de quem? Ou será que tudo o que está sendo instalado ainda é herança do Miguel Haddad? Será que descobriram que contra os inescrupulosos, irresponsáveis, anticidadãos não existe bandeira política? Gancho retomado. 

Embora o alarde seja grande, cabe lembrar que quem (1) não avançar o sinal vermelho, (2) não parar sobre a faixa de pedestre, (3) não exceder a velocidade permitida de cada via e (4) aprender que retorno se faz em pontos previamente definidos e, não, “onde dá vontade”, lamentavelmente não receberá nenhuma multa! 

Logo, não perderá dinheiro. Ocorrendo assim, a tal “indústria da multa” que era coisa só de tucano, e agora não mais, ficará sem fonte de receita. Simples assim. 

Afinal, se existe indústria é porque tem operário. E, neste caso em especial, os operários são os irresponsáveis que não cumprem deveres, mas adoram reivindicar direitos.

Cheguei a publicar a lista dos 30 cruzamentos com o novo sistema dedo-duro para que meus contatos estejam avisados de que precisam segurar a onda enquanto dirigem. Não publiquei por protesto, mas sim, porque entre as regras e as chorumelas populares, fico com as regras.

Neste particular, faço coro com a diretora de Trânsito da Setransp, Regina Romão, que em entrevista à rádio Cidade, no último dia 7, afirmou: “Quem respeita não vai ser punido.” 
Ela explicou que os equipamentos foram instalados com base em “estatística consistente”. Embora os estudos tenham sido iniciados em 2012, este ano, houve nova avaliação e consolidação. 

Independente da revolta das massas, contestações acaloradas, agressões e xingamentos o número de colisões, o registro de mortes não fica na mão de todos. Quem os detém são as autoridades.

Se todos respeitassem deveres, os direitos seriam garantidos. Como os motoristas irresponsáveis transgridem deveres, não raro o direito à vida e à segurança no tráfego dos motoristas responsáveis e de pedestres é ignorado. 

Tenho muitas ressalvas à administração PCdoB/PT que se vende como revolucionária para toda e qualquer questão de gestão pública. Entretanto, não vou fazer coro para desqualificá-los neste assunto, pois até o momento ninguém apresentou um mísero dado que possa refutar, contundentemente, a instalação dos novos equipamentos. 

O que se percebe é uma profusão de “achismo” e uma defesa oca para que irresponsáveis continuem usando veículos como arma e não como meio de transporte.

 
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