Rotulação nossa de cada dia



Recentemente, em meio a discussões sobre Capitalismo, Comunismo, Socialismo, Anarquismo e outros “ismos”, fui rotulado de “iludido” por um interlocutor virtual e “reacionário” por outro. 

Com a mesma velocidade com que fui definido, devolvi a rotulação. Afinal, de acordo com a minha perspectiva, comunistas e correlatos também estão no universo da ilusão ao acreditar em suas bandeiras quase com candura romântica e com um tom maniqueísta ao dizer que o mal do mundo está no Capitalismo e o solução seria...???. 

Se tudo é ilusão, sigamos cada um defendendo a sua. Igualdade, liberdade e fraternidade é lema lindo para ler, estampar na sacada de casa, fazer chaveirinho, mas só. Nada mais além disso. As diferenças e desigualdades nunca deixarão de existir. 

Enquanto seres pensantes e, hipoteticamente solidários, acredito que podemos amenizar a dor de quem nos cerca, por algum tempo, mas não por todo o tempo. 

Especialmente se o alvo do cuidado escolher a comiseração como forma de vida e, ao descobrir que é ‘lucrativo’ ser coitado, colocar uma mangueira e deixar de lado a sucção labial, ligar um motorzinho e cumprir, à risca, a lei do mínimo esforço.

Nem mesmo dentro de casa é suportável um filho, irmão, cunhado, tio que opta pelo ócio enquanto outros ralam para produzir. Não acredito que existam coitados no mundo mas, sim, acomodados. 

Sou favorável a ajuda humanitária em situação de guerras e conflitos. Em uma terra como o Brasil, o “coitadismo” é somente uma expressão social e não um problema real.
Não admito o argumento da "falta de oportunidade" para adolescentes que aos 16 anos se recusam a estudar, mas não param de frequentar o boteco! 

O Estado não cumpriu o seu dever? Em um exemplo bastante pontual: na região leste de Campo Limpo Paulista, em 15 minutos, é possível trafegar a pé entre três escolas estaduais: Victor Geraldo Simonsen, Jardim Europa, Frei Dagoberto Romag, São José e Georgina Fortarel, no Parque Internacional.

Sair da escola sob a alegação de desestrutura familiar é cômodo demais! Uma pá e uma enxada faria tudo se reestruturar, se não na família, ao menos na própria vida. 
Não admito ter gente dizendo que adolescente não pode trabalhar antes dos 14 anos, mas pode se tornar marginal, não produzir nada e, depois, atribuir ao Estado o resultado da própria indolência.

Existem desequilíbrios no Capitalismo? Existem. Mas prefiro a imperfeição capitalista, à ilusão comunista. Acredito na força do trabalho e na remuneração de acordo com o ritmo de produção desde que isso não se configure como escravidão. 

Temos um país que poderia, sim, produzir riqueza apenas com consumo sustentável de recursos naturais, ao invés disso, apenas criamos a cultura da inveja. 
Invejamos os japoneses que mesmo depois de ficarem arrasados após a 2ª Guerra Mundial construíram uma potência global. Surpreendente é observar que milhares de estrangeiros chegaram no Brasil no começo do século 20 e prosperaram mais que muitos nativos. 

Os japoneses entre eles. As primeiras levas foram expostas a regimes absolutamente escravocratas. Eram privados do direito de ir e vir para trabalhar nos cafezais. Houve quem tramasse fugir. Quando, finalmente, passaram a ser tratados com o mínimo de dignidade, se dedicaram ao trabalho árduo. 

Viram na vastidão geográfica do país a oportunidade de produzir para si e para enviar recursos aos familiares que não puderam imigrar. Hoje, uma crise no mercado japonês pode não abalar a estrutura global, mas faz trinca ao menos no reboco. 

Invejamos os países europeus que caberiam sambando no Estado de São Paulo. Com menos terra produzem com mais qualidade que nós. Invejamos a produção desses países, mas não imitamos seu segredo: estudo, qualificação, capacitação contínua.

 
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