Ainda sobre Tanaka



Coluna publicada no Jornal "O Pêndulo", Ano XX, nº 903, de 24 a 30 de maio de 2013

Esta semana, quero dar prosseguimento ao registro de minhas impressões acerca de Mitiharu Tanaka (13/12/1938 - 9/4/1983) que foi prefeito de Campo Limpo Paulista por apenas algumas semanas, mas que já tinha seu nome gravado nas principais páginas da história da cidade muito antes de ser eleito.

Ressalto que a homenagem realizada na Câmara de Vereadores no dia 13 de maio foi o primeiro momento quando fui exposto a um maior volume de informações e sentimentos em torno da figura única de Tanaka.

O evento foi uma das etapas do Projeto Tanaka 30 anos, realizado por alunos e professores da Escola Estadual Mitiharu Tanaka, localizada no Jardim Cruz Alta, em Várzea Paulista.
A ação de cidadãos varzinos não podia ter outra resposta da Câmara de Vereadores, na pessoa do seu presidente Flávio Cardoso de Moraes, senão o acolhimento caloroso e a máxima colaboração para o êxito do projeto.

Enquanto a unidade escolar vem conhecendo a memória de seu patrono, a comunidade campo-limpense teve a oportunidade de recordar a vida e obra de Tanaka. Isso, sem dúvida, por si só, impõe lições de amplitude e profundidade especiais.
Eu, sinceramente, fiquei impressionado com o ícone que foi apresentado pelo ex-vereador Roque José Agostinho. O evento foi único, emocionante, histórico. 

Além de revirar o baú da memória, de modo singular a homenagem também tratou emoções, parece ter, de algum modo, contribuído para cicatrizar feridas.
O próprio filho André Tanaka revelou que há muito não entrava no Paço Municipal por medo não de pessoas, mas das próprias lembranças.

Foi um evento que permitiu o reencontro de amigos que há muitos anos não mantinham contato olho a olho. Noite de abraços, de choro e também de riso.
Uma noite na qual até mesmo membros da família do homenageado, que por razõe múltiplas não se encontravam, puderam matar as saudades entre si e, ainda, honrar o nome de um dos seus membros mais ilustre.

Dentre as muitas curiosidades e recordações que foram relatadas duas saltaram-me aos olhos: 1) designação do prefeito Adherbal da Costa Moreira para recepcionar e ciceronear bolsistas da Venezuela, patrocinadas pela ONU - Organização das Nações Unidas; 2) designação pelo prefeito Alcebíades Pardal Grandizolli para recepcionar e ciceronear os universitários do Projeto Rondon e residentes em Natal, Rio Grande do Norte.

Embora pareça apenas atos protocolares,  capturo nestes dois momentos que a cidade teve o privilégio de ser apresentada e representada pelo que tinha de melhor na arte do acolhimento.
Se os familiares e amigos ainda têm o riso largo de Tanaka vívido na memória, a alegria de viver deve ter marcado indelevelmente aqueles desconhecidos visitantes.

Certamente sua vivacidade, agilidade e dinamismo devem ter impressionado os estudantes. Na habilidade de ser anfitrião, Tanaka deixou transparecer, ainda, sua disposição em servir. O tempo, sem dúvida, é o melhor aferidor dos fatos.
Essa resignação em trabalhar em favor de terceiros também foi bem lembrada quando surgiram na narrativa, por diversos momentos, o fusca azul e caminhão amarelo. Nas mãos de muitos seriam apenas veículos para usufruto, mas  com Tanaka virava instrumento de cuidado, atenção, acolhimento, amparo.

Na arte de servir, se virava nos 30, como se diz atualmente. Foi presidente da comissão  de esportes, organizador de eventos, diretor do antigo DAAE, desportista. 
Sem medo de errar, estou convicto que Mitiharu Tanaka rende livros. Tanto pela carreira política, breve, mas intensa, quanto pelo seu caráter. Mesmo 30 anos após sua partida, observar os seus passos resulta em lições peculiares. Atentar sua trajetória mostra, acima de tudo, um construtor incansável. Oxalá sua vida seja imitada por alguns milhares.

 
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