Resgate histórico para horror dos esquerdopatas



20 ANOS PLANO REAL

Discurso de Fernando Henrique 
Cardoso, no Senado, realizado em
25 de fevereiro de 2014 durante
sessão solene de celebração


Não é a primeira vez que veio a este Senado da República para celebrar o fato de que nós conseguimos criar uma moeda estável e, a partir daí, as perspectivas para o desenvolvimento do Brasil se abriram e se estão consolidando. Mas eu venho com emoção cada vez que tenho o prazer de voltar a assumir esta tribuna na qual eu me treinei, vindo da academia, em épocas difíceis quando nós jurávamos a Constituição, ainda era o Regime Militar, e, em seguida, dizíamos que faríamos tudo para mudar aquela Constituição. E foi aqui que eu aprendi nos embates, com pessoas valorosas, não me referirei a nomes para pecar por omissão, mas que aprendi aquilo que me parece essencial: que não se constrói nada no isolamento.
 
 



A construção de uma nação não é fruto de uma vontade isolada. Ela é um trabalho de ourivesaria e que requer uma convergência de esforços. Foi isso que nós fizemos quando nos tocou o momento de enfrentar a questão da inflação. Nós não viemos do zero. Os planos anteriores ensinaram. Muitos dos que trabalharam comigo na equipe econômica haviam trabalhado em planos anteriores, notadamente, no Plano Cruzado. E a história não se faz a partir do zero. Ela vai se construindo, vai se refazendo, vai se remodelando e requer uma certa humildade para entender o que já foi feito. Porquê que se errou? Onde se acertou? Como reatar os fios? Como continuar e como levar adiante?
 
Devo dizer que para mim foi uma surpresa enorme, quando eu era Ministro das Relações Exteriores, ter sido indicado pelo presidente Itamar Franco para o Ministério da Fazenda. Foi mais que uma surpresa. Foi quase que um susto. Porque, na verdade, àquela altura, ser deslocado do Ministério das Relações Exteriores, onde eu tinha alguma familiaridade com os temas, para enfrentar uma situação econômica --eu era o 4º ministro em sete meses--, era mais que uma aventura, era uma condenação ao fracasso. O presidente Itamar teve a intuição de talvez fosse o momento de colocar alguém que, embora não economista,  pudesse convencer os outros, primeiro, os próprios economistas, depois, ao Congresso, depois, ao País, de que haveria um caminho.
 
E devo dizer que se não fosse a permanente atitude do presidente Itamar de apoio ao que eu estava fazendo, não poderia fazer. Na verdade, quando se tem que tomar decisões que afetam o conjunto do País, ou se tem um presidente que dá força, ou é muito difícil caminhar. O presidente Itamar deu força a tudo que eu havia proposto a partir das sugestões da equipe econômica e do diálogo permanente com o Brasil.
Eu entendi, desde o primeiro momento, que o desafio era aquele mesmo. Recordo que eu estava nos Estados Unidos, voltando do Japão, quando fui surpreendido por uma ligação telefônica do presidente Itamar, que me perguntou se eu aceitaria ser ministro da Fazenda. Eu fiz tudo para que ele não mudasse o então ministro, que veio a ser senador mais tarde, Eliseu Rezende, porque eu acreditava que o ministro estava fazendo um esforço para reconstruir as nossas finanças.
O presidente Itamar me disse: "Eu vou conversar com ele, mas eu acho difícil". Eu retruquei: "Presidente, --eu tinha intimidade-- estou longe, não quero faltar à sua confiança mas, por favor, mantenha o Eliseu". E recebi um recado do presidente Itamar, estava jantando na casa do então embaixador Sardembergue, recebi um recado, mais tarde, por intermédio da esposa do embaixador, que o presidente da República não precisava mais falar comigo. Eu fui para o hotel feliz. Bom, continua o ministro da Fazenda. Acordei, com a voz indignada da minha mulher que disse que eu havia sido, na verdade, nomeado ministro da Fazenda pelo presidente Itamar Franco. Ela não entendia porquê, como é que eu tinha sido louco de aceitar!
Eu ainda tentei dizer que não tinha aceitado nada. Ela não acreditou. Até que, mais tarde, o secretário geral do ministério, que era o embaixador Lampreia, me telefonou e disse: "Ministro, o senhor, agora, é ministro da Fazenda". Bom, eu assim virei ministro da Fazenda. A primeira coisa que fiz foi, com humildade, chamar aqueles que eu acreditava que poderiam ajudar. Chamei o Pedro Malan que, então, era negociador da nossa dívida e era representante do Brasil acredito que no Banco Mundial. Em seguida, chamei o Armínio Fraga que estava por lá, veio até mim, até à nossa representação na ONU para conversar com ele. Nenhum dos dois pode aceitar vir ao Brasil trabalhar comigo. Malan fez uma conscessão: uma semana por mês talvez viesse nos ajudar.
Voltei no avião com o então meu chefe de Gabinete, que era o embaixador Sinésio, conversando com ele e formulando o discurso que faria. Que fiz. Cheguei ao Brasil e, no mesmo dia, recebi o ministério da Fazenda. Aí tive ousadia. Eu disse: "O Brasil tem três problemas principais. O primeiro é inflação. O segundo é inflação. O terceiro é inflação. E nós vamos acabar com a inflação". Meu Deus, como?
Se os líderes não têm conhecimento das coisas, não têm ousadia e também não têm a humildade para saber que sozinhos não resolvem, não avançam...
Minha primeira preocupação foi de criar uma equipe.  Um conjunto de pessoas que pudesse me ajudar. Porque eu nunca tive a pretensão de saber tudo, porque eu não sabia. E, de fato, reunimos. Não preciso mencionar, dois ilustres membros desta equipe estão aqui presentes: Edmar Bastos e Gustavo Franco. Foram muitos outros: André Lara Resende,  [+++] Fritz, Pedro Malan, muitos outros que colaboraram, era muita gente que ajudava e nós levamos  quase que num bunker, quase que num isolamento tentando entender o que fazer, tateando, aproveitando a experiência que muitos haviam tido de lidar com os problemas inflacionários e, ao mesmo tempo, fazendo uma pregação.
Se algum papel eu tive, foi o papel de ser o porta-voz de um clamor que estava no Brasil. O Brasil não aguentava mais a imprevisibilidade gerada pela inflação. Se alguma participação mais ativa eu tive neste processo foi de, primeiro, sempre manter o presidente Itamar alinhado com aquilo que nós estávamos construindo. Segundo, fazer com que meus colegas de governo no ministério, e aqui haverá alguns que foram colegas meus naquela ocasião, entendessem do que se tratava. Terceiro, que o Congresso Nacional também tivesse a necessária informação e consciência do desafio que nós estávamos enfrentando.
Já foi mencionado aqui que eu vim inúmeras vezes ao Congresso. Eu tinha a vantagem que era senador e que, portanto, enfrentava de peito aberto os meus companheiros do Senado sem o temor dos ministros que não tinham ao mesmo tempo a posição política. Eu havia sido líder do PMDB e do PSDB, tinha familiaridade com este Congresso.
Eu vinha, frequentemente, ao Congresso, à Câmara dos Deputados, ao Senado, às comissões, às reuniões para defender um ponto de vista. Para convencer ao Congresso Nacional de que havia um caminho. Eu falava, quase que dioturnamente, na televisão, no rádio, com a imprensa do meu país para preparar um caminho, para que a população também fosse receptiva às transformações que nós iríamos começar a desencadear no país. E tomamos, logo de início, uma importante decisão: ao invés de surpreendermos o país com medidas que apareciam no Diário Oficial informando que a taxa de câmbio mudou, que a poupança foi confiscada, que a taxa de juros também mudou, nós iríamos dizer, com antecipação, o que iríamos fazer. Decisão difícil, porque não é tecnocrática. É uma decisão de confiança no país, de confiança na população.
Eu devo lhes dizer, também com humildade, que nem sempre se pode fazer o que se vê, com clareza, como melhor caminho. É preciso que o país esteja preparado para escutar. E nem sempre o país está disposto a escutar.
Naquele momento, a situação era de tal desespero que a própria sociedade queria um novo caminho. Ela estava com os ouvidos abertos a um novo caminho. E, na implementação deste programa, nós, o tempo todo, procuramos ampliar os apoios. Eu fiz tudo o que podia. Tudo para convencer o Partido dos Trabalhadores que o meu objetivo era algo positivo para o país e que os trabalhadores, os mais pobres seriam beneficiados. Chamei ao meu apartamento, aqui em Brasília, o líder do partido. Então, eram Lula e José Dirceu. Tentei convencê-los da possibilidade do Brasil avançar e da necessidade de que aquele programa fosse nacional. A pergunta que me foi feita, foi muito simples:  "Você acha que o PSDB vai ter um candidato competitivo, capaz de ganhar do nosso candidato?" --que era o Lula. Eu disse, com sinceridade, "eu não creio".
O PSDB, naquela altura, cogitava até de apoiar ao próprio Lula. Eu disse: "não creio". Não acreditava mesmo. Não era esse o meu objetivo. O objetivo era convencer que era bom para o Brasil e que era preciso unir forças. Fracassei em convencer a liderança do principal partido de oposição naquela momento. Chamei todos os líderes sindicais. Sem exceção: Vicentinho, Medeiros, todos ao meu gabinete e explicava. Num dado momento, um deles me disse: "Mas isso quer dizer --com a URV-- que nós vamos ter a correção dos nossos salários no dia a dia?". Eu digo: É isso! "Mas, isso é o que sempre quisemos". Pois é, então por que não apoiam?
Eles entendiam e, não obstante, iam para a imprensa e diziam o contrário: 'Esse plano é de austeridade, mais uma vez a classe trabalhadora vai sentir o peso da repressão salarial. Mais uma vez a reconstrução das finanças vai ser feito à custa do povo brasileiro'. Era mentira. E sabiam que era mentira.  Porque eu expliquei no detalhe. Não é isso. Nós não vamos criar um programa que tenha como consequência jogar o peso do ajuste nos que menos podem, nos mais pobres. É o contrário. Os que não têm conta no banco, não têm o reajuste automático dos seus valores, dos seus haveres. E a maioria dos trabalhadores e dos brasileiros não têm conta em banco. Nós vamos resolver esta questão.
Por razões compreensíveis do jogo político, mas indiscupáveis do ponto de vista nacional, não era possível obter o apoio. Mesmo assim, uma boa parcela da população se convenceu de que era chegado o momento de seguir adiante. Empresários, a própria mídia e foi fundamental. Um programa complexo. Aquilo que foi terminado no dia 27 de fevereiro de 1994 que foi a URV [Unidade Real de Valor] era muito difícil de explicar. Muito difícil explicar que era estável essa unidade de valor. Não obstante, o povo entendeu. Nós tomamos uma outra decisão, na época ousada, ao invés de decretar, obrigatoriamente, que todos para sair de uma moeda à outra, demos a opção. E sempre respeitamos a institucionalidade, as leis. Na feitura do Plano Real, foi importantíssimo a decisão que foi tomada de que nada seria feito em detrimento do ordenamento juridico. É o único plano que não foi embargado. Agora mesmo o Tribunal está para julgar uma decisão sobre planos e o Plano Real não está nesta situação, porque não houve um desrespeito ao ordenamento estabelecido. Nós confiamos que as pessoas saberiam escolher qual era o melhor caminho. Para nossa surpresa, em dois, três meses, o conjunto da economia nacional já tinha mudado da moeda então vigente, que era o Cruzeiro Novo, para a URV que no dia 1º de julho se transformaria em Real, uma moeda nova.
Esta moeda nova, exatamente como já foi aqui referido, para evitar a memória inflacionária e para despertar a crença da população, não cuidou simplesmente de cortar zeros. Nós mudamos fisicamente a moeda, no conjunto do Brasil num só dia. Uma operação de guerra. A feitura das novas moedas foi aproveitando as chapas antigas, os peixes antigos. O presidente Itamar não gostava de peixe, acreditava que não dava sorte. E, não obstante, nós não tínhamos outras formas de fazer a nova moeda e fizemos sem que a opinião [pública] soubesse, preparamos uma enorme quantidade de moedas e de bilhetes para, no mesmo dia, dizer ao Brasil: "Daqui por diante o Brasil é outro". Isso pra quê? Para despertar confiança. O líder que não desperta confiança, não é líder. O líder que não aponta o caminho, não é líder. O líder que pensa que ele, sozinho, desperta confiança sem ter um apoio bastante tecido com outras forças da sociedade, tampouco é líder.
O líder democrático, pode haver líder na ditadura que imponha, mas o líder democrático convence, explica, ouve. Tem que ter a humildade de ouvir para então, construir, uma relação de confiança. Isso foi o Plano Real. Foi uma construção política. Foi uma construção que nasce da Democracia e que percebeu que o momento era da Democracia e que, portanto, não haveria que fazer imposições, se não que haveria que fazer um apelo, um convencimento para que nós pudéssemos avançar.

O Plano Real não nasceu do zero. Foi sendo construído. Foi muito difícil. Nós estávamos em moratória. Foi muito difícil romper com a moratória. Eu era líder do governo, tinha sido designado pelo presidente Itamar Franco e mantido pelo presidente Sarney. O dia que, pela manhã, o presidente Sarney me pediu que fosse ao Palácio da Alvorada juntamente com o líder do governo na Câmara. Sarney nos disse que o Brasil iria entrar em moratória e pediu que nós convocássemos os líderes para comunicar, porque naquele mesmo dia haveria a moratória. Eu ainda objetei ao presidente Sarney, me recordo: "Presidente, moratória é algo muito dramático, muito difícil. Aqueles que hoje estão na ruas pedindo para suspender o pagamento das dívidas, não vão aplaudir no dia seguinte o seu gesto corajoso da moratória". Na verdade, o presidente Sarney não tinha alternativa porque, tecnicamente, nós não tínhamos mais como fazer frente  às nossas dívidas. Nós estávamos quebrados, não era em moratória.

E o Brasil entrou em moratória. Para poder reconstruir a confiança, não só foi feito o que disse aqui a respeito do Real que todos mencionaram. Nós tivemos que reconstruir, também, a credibilidade junto aos nossos credores. Não foi fácil.  Não vou entrar em detalhes. Foi muito difícil. O Fundo Monetário Intenacional, isso é pouco sabido, não apoiou o Plano Real. Uma certa altura, quando o ministro Malan, já era então presidente do Banco Central e eu ministro da Fazenda, combinou comigo que ele iria a Washington para renegociar a possibilidade da moratória e, também, do Plano Real... Uma certa altura ele me pediu que fosse  aos Estado Unidos porque ele não via condições de nós termos a nossa perspectiva aceita pelo Fundo Monetário. O presidente  do Fundo Monetário na época chamava-se Michel Camdessus que, por coincidência, já o conhecia porque sou amigo do ex-primeiro ministro da França, [Michel] Rocard, que era muito amigo do Camdessus.

Cheguei no Fundo Monetário e o Cand... me convidou para ir numa sala isolada com ele e me disse o seguinte: "Olha, eu tenho simpatia pelo esforço de vocês, mas eu não consigo convencer os nossos técnicos aqui de que o Brasil vai, realmente, fazer alguma coisa séria. Porque a situação brasileira é frágil". (O Congresso estava, naquele momento, com um processo gravíssimo chamada CPI dos anões do orçamento). "O presidente da República era o vice-presidente. Tinha havido o impecheament. A sua equipe é jovem. É competente, mas não é experiente. Eu não consigo convencer, mas eu estou convencido, pois vocês estão indo num bom caminho". E leu uma carta que ele tinha escrito em francês, na véspera, que ele estava num jantar. 
Nós estávamos conversando em francês, isso sempre ajuda, porque os franceses gostam, não é? Ele disse: "Eu não posso dar o apoio [do FMI], eu vou dar a você esta carta onde dou meu aval pessoal, mas não é o aval do fundo". Eu digo: "Mas nós não podemos fazer nada com o aval pessoal. Porque nós precisamos terminar a moratória e estabelecer um novo contrato das dívidas, nós precisamos dar garantias. E as garantias requeridas são letras do Tesouro dos Estados Unidos. E, sem o aval do Fundo, o Tesouro não vai emitir uma série especial das letras para o Brasil contar. Aí ele sorriu e me disse: "Vocês já têm essas letras". É verdade. O ministro Malan tinha tomado a decisão comigo, e mais ninguém, de que pouco a pouco, --Gustavo Franco deve se recordar disso, porque ele operava o Banco Central no assunto internacional-- nós iríamos comprando no mercado títulos do Tesouro americano. Pouco a pouco para que ninguém desconfiasse, porque se não, subiria o preço, mas é claro que o Fundo Monetário descobriu que nós estávamos operando assim.
 
Diga-se, de passagem, que eu tive que vir a uma comissão do Senado e um senador desabusado quis insinuar de que alí tinha havido, como se diz hoje, um mal feito naquelas contas. Digo: Olha, ainda bem que você não é meu aluno que eu te daria zero em Economia. Como eu era senador também, eu tinha liberdade, e ele era suplente de senador, na verdade. Eu tinha liberdade para dizer, duramente a ele: Não diga bobagem, rapaz, porque o que estamos fazendo é uma coisa meritória para o Brasil e foi feito. Com esse fato ainda tive que aduzi ao Camdessus. Mas é preciso depositar esses títulos no FED, que não vai aceitar. Não, não precisa. Basta depositar no BID (Banco Interamericano), dirigido por Henrique Iglesias, que era amigo do Brasil.
Fui ao Banco Interamericano e nós concordamos com isso. E graças a isso, foi possível começar a renegociação das dívidas e eu creio que em novembro de 1993, o Malan, então presidente do Banco Central,  e eu fomos para Toronto, no Canadá, e assinamos em uma manhã inteira novos contratos de dívida porque o Brasil tinha 700 bancos credores. Havia um sindicato que dirigia isso tudo para nós reconstruirmos a possibilidade dos mercados financeiros se abrirem ao Brasil. Estou contando este detalha para mostrar que o Plano Real não foi, simplesmente, de um momento para o outro, mostrar ao País: temos uma mágica. Não foi. Foi trabalho. Trabalho duro de reconstrução das instituições, da credibilidade do País. Fomos ganhando credibilidade pouco a pouco. E tivemos sempre a consciência de que era um começo. E que levaria muito tempo. E aqui vários dos que falaram anteriormente, mostraram o tempo que isso tomou.
Como refazer a dívida dos Estados? Ninguém pagava ninguém. Como refazer isso aqui, internamente? Como desindexar a economia que foi sendo, parcialmente, desindexada? Como reconstruir as instituições? Foi um trabalho insano. E foi feito. Foi feito por todos os brasileiros porque o País sentiu que dali por diante, ou se faria alguma coisa mais consistente, ou nós iríamos perder a nossa chance de potencial histórico que nós temos.

É claro que sempre me entusiasma falar do passado, mas eu sou mais propenso a falar do futuro. E me alegrei de vir aqui. Vim, ouvi os discursos aqui feitos e muito especialmente o que disse o senador Aécio Neves, com confiança, de que chegou a hora de nós darmos novos passos. Não farei discurso partidário. Não é do meu estilo. Numa Casa em que hoje se celebra uma festa nacional. Mas, qualquer brasileiro percebe hoje. Quando as ruas reclamam, quando os empresários reclamam, quando os políticos reclamam, quando as donas de casa reclamam que algo está desengonçado, para usar uma palavra simples, é hora, de novo, de nós termos humildade. Os que hoje mandam, ao invés de se cerrarem nos seus escritórios e pensarem que tecnocraticamente resolve as questões, é hora de se abrirem. Abrirem o coração. Dizer a verdade ao País.
Muita coisa foi feita. Não foi só o Plano Real. Nem foi só o meu governo. Longe disso. Não sou, como vou dizer, ingênuo ou maldoso para imaginar que tudo foi feito no passado e nada foi continuado. Muita coisa foi continuada. As bolsas que nós começamos o presidente Lula expandiu. Mesmo as dúvidas que se tinham, enfim, sobre o superávit primário, eu fiquei surpreso quando o ministro Palocci anunciou um superávit altíssimo. Eles sempre criticaram o superávite antes, mas ainda bem que perceberam, ou fariam isso, ou o que tinha acontecido em 2002, que foi um medo injusto de que os mercados ficaram possuídos pela eventual eleição do PT, eles perceberam que precisavam dar demonstrações, recriar a confiança, foi feito. Muita coisa foi feita. O Brasil avançou. O Brasil hoje é melhor do que quando eu deixei. Como quando eu deixei era melhor do que o presidente anterior, como o presidente Sarney deixou melhor que o outro. O Brasil vai avançando. E é bom que avance. Mas, há momentos de que é preciso tomar novos rumos.
Nós estamos chegando em um desses momentos. Não é apenas pela questão da dinâmica interna do país. O mundo, também, depois da crise de 2007/2008, quando alguns acreditaram que haveria o declínio do Ocidente, não é o que está acontecendo. O mundo está retomando energias. E energias a partir do desenvolvimento de, novamente, a economia americana voltar a crescer. A economia chinesa fazer exatamente o contrário, e tem que fazer, do que nós fizemos no Brasil. Eles têm que aumentar o consumo e refrear a infraestrutura. Nós temos que aumentar a infraestrutura e não refrear o consumo, mas não expandir por crédito apenas. Eu acho que o mundo percebeu que está no começo de uma nova fase. E nós ainda estamos com os olhos no passado. Nós ainda estamos apostando que as coisas irão mal no mundo e, quem sabe, nós possamos sozinhos, juntamente com outros emergentes, levar o mundo adiante.
Vamos fazer parte desse novo mundo. Sim. Temos todas as condições para avançar mais nele, mas temos que abrir nossos olhos. A economia contemporânea é a economia do conhecimento. Ela requer inovação. Ela requer fluxos de inovação. Aqui foi dito, e é verdade. Creio que foi o senador Aécio que mencionou o dado, a taxa de crescimento da produtividade é quase nula  no Brasil. E isso é fundamental: crescimento e produtividade. Não basta. Tem que distribuir ao mesmo tempo. Mas é produtividade. E nós descuidamos disso. Nós estamos sentindo, nós, brasileiros, está pulssando que chegou o momento de uma nova palavra. Mais moça, mais forte. Abrir horizontes novos para o Brasil. Não é abrir horizontes novos cuspindo no presente e no passado. Mas é abrir horizontes novos dando um passo adiante e mostrando ao País quais são os problemas.
 
Eu vou dizer o que, talvez, seja imprudente mas, enfim, eu fui senador por muitos anos. Nós temos vários problemas. Muita gente me criticou pela falta da reforma política no meu tempo. Tentamos reformas parciais. Muito bem. Agora, não dá mais. Não dá mais! É clamoroso que nós não podemos conviver com o sistema político-eleitoral que gera fragmentação partidária. Com 30 partidos e 39 ministérios é a receita para a paralisação da Administração. Não dá mais.
E esse não dá mais, não deve ser visto como a imposição da vontade de uma facção sobre os outros. Tem que ser visto como uma necessidade de um entendimento nacional que tem de enfrentar essa questão com clareza, com firmeza. Não dá mais.
 
Também está visto que a paralisação das reformas, que houve uma paralisação das reformas, cobra seu preço neste momento. Cobra seu preço pela ineficiência não só da máquina pública. A ministra Gleisi Hoffmann deu uma entrevista, ao deixar o ministério [da Casa Civil] onde dizia, singelamente: "A máquina não responde". Não responde por quê? Os incentivos estão errados e porque houve uma infiltração partidária na máquina pública. Isso não pode continuar. Isso tem consequências negativas no desenvolvimento do país. 
 
Também é visível que levamos muito tempo para descobrir que o Estado, sozinho, não dá conta de aeroporto, estrada, energia, não dá conta. E não levamos tanto tempo assim, para tirar a energia das agências reguladoras. Foi rápido. As agências reguladoras, hoje, já não têm a força que deveriam ter. Estão infiltradas por interesses de todo tipo. Está visível que nós precisamos fazer leilões? Sim. Mas temos que ter uma vigilância do setor público, através das agências. E esses leilões foram paralisados vários anos. 
Agora se comemoram outra vez. É concessão. Meu Deus! E o que que eu fiz com a telefonia, não foi concessão? É a mesma coisa. Por que ter medo de dizer as coisas? Por que ter medo? Por que não dizer, claramente, ao país. Nem precisa dizer: 'perdemos tempo, erramos'. Simplesmente dizer a verdade: 'Olha, tem que fazer. Nós custamos um pouco. Estamos atrasados..." Estamos atrasados! E perdemos o momento da bonança. Perdemos o momento da fartura de capitais, perdemos o momento em que os olhos estavam voltados para o Brasil.
 
Não quer dizer que amanhã não possamos recuperar. Eu sou muito confiante no Brasil. Não sou derrotista. Não sou pessimista. Não. Eu falava muito da 'fracassomania'. Agora, a presidente Dilma fala dos pessimistas. Bom, eu não sou desse lado. Eu sou do lado do otimismo. Mas otimismo com realismo, dizendo a verdade ao país. Está na hora de dizer de novo ao país: Olha, não só vamos ter que fazer a reforma política. Vamos ter que fazer, de novo, um impulso grande na infraestrutura com regulação governamental, mas com capitais privados. Vamos ter, sim, que enfrentar a questão que todos falamos, é difícil de enfrentar, que é da educação. Fundamental e que requer uma inovação muito maior do que nós estamos imaginando.
 
Nós não sabemos mais o que ensinar. Mudou tudo. O que que se ensina? Quanto tempo se leva para a formação? Qual é a metologia? Precisa sacudir o país nesta matéria. Eu não tenho fórmula. Estou apenas dizendo que é preciso abrir o jogo. 
 
É preciso voltar a entender, por sorte, há sinais positivos, que a Lei é igual para todos. Todos somos iguais, pelo menos perante a Lei. E chegou a hora de reconhecer que a situação de insegurança das nossas cidades atinge a todos. Os ricos que se protegem com escolta. E os pobres que não têm escolta para se proteger. E têm medo. Têm medo das ruas. E um país cujas ruas não são abrigo do povo, mas são o pavor do povo, não pode ser um país que seja feliz. Nós precisamos enfrentar, com seriedade, a questão da segurança. Não vou continuar desfilando os problemas. Há muitos problemas, mas há muitas possibilidade de avançar. Fiquei muito feliz  de ouvir os discursos que me antecederam. Não só porque louvaram, enfim, não o que eu fiz, mas o que o Brasil fez que foi ter uma moeda estável, ter dado passos importantes. Mas também porque abre perspectivas. E é preciso ter coragem de dizer as coisas. Sem agressividade, mas com clareza.
 
Já está passando da hora. Há momentos que é preciso renovar. Sempre. A democracia requer sempre renovação. Às vezes é duro, porque a renovação vai contra nós próprios que estamos  no poder, em alguns lugares, há muito tempo. É preciso que haja o outro lado. É preciso que o outro lado se constitua. E depois até pode voltar. Mas é preciso que haja esse jogo. Porque senão, está tudo encastelado, não muda. Há tantos interesses, há tantos comprometimentos que não se avança. Está na hora, o Brasil está precisando de ar novo, sangue novo. E diria até mesmo a minha geração já passou. Outro dia conversando com um amigo meu, são todos octogenários, eu disse: nós já morremos gente. Nós somos testemunhas. Mas é verdade, não morremos no sentido de que estamos aí pelo menos percebendo as coisas, mas não dá mais. Tem que passar para outra geração. No Brasil tem muita gente jovem. Nós temos que confiar mais nos jovens. Abrir caminho para os jovens. E fazer com que esse entusiasmo avance mais.
 
Entusiasmo, etimologicamente, é "Deus na alma, no corpo". Precisa de entusiasmo. Você ter aquele brilho, aquela eletricidade no ar que as pessoas digam: 'Ah, eu acredito em você. Vamos em frente'. Está na hora. Está na hora, senadores. Está na hora de mostrar ao Brasil: há caminhos. Venham comigo que nós vamos continuar sendo um grande país. Somos um grande país. A estabilidade foi apenas o começo. Está no momento de um novo salto.

Sugestões aos comunistas


Por que vocês não formam um clube de empresários e começam a gerar renda de modo a custear a fundação de uma super colônia? Como vocês não precisam de muito para viver, o lucro pode ser dividido em partes iguais entre os filiados e/ou custear os projetos únicos, inebriantes, inéditos, inimitáveis que só vocês conseguem conceber.

Sim, estou propondo que façam como os hippies dos anos 1960, só que agora, já sabendo no que eles falharam, não vão repetir as mesmas sandices. Imagino que a comunidade de vocês, vai atrair milhões em pouquíssimo tempo. Serão modelo até para Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Suécia, Suíça, Holanda, entre outros. Peço a gentileza de colocar a Marilena Chauí como membro número 1. O salário dela de R$ 23 mil na USP (ainda que ela odeie a classe média) pode ser deixado para algum outra pessoa mais palatável.

AGLOMERAÇÃO DA NATA
Como só vocês pensam (sic!), as mentes mais brilhantes da engenharia civil, antropologia, sociologia, filosofia e outras "ias" estariam todas congregadas de modo a aplicar no mundo real, fora dos livros, as maravilhas que vocês se ressentem que os "capitalistas vorazes" (gente como eu) rejeitam ou não deixam vocês implantarem.

Vejam bem que é tentadora a proposta (pelo menos eu acho). Uma vez aglutinados em alguma região do país, logo o aglomerado de vocês iria inspirar ao mundo pelas políticas públicas desenvolvidas.

MARAVILHAS DO NOVO PAÍS DE ALICE
Com comunistas fundando uma megalópole, imagino que os olhos do mundo se voltariam para a colônia dos camaradas. Afinal, nos termos desta nova terra prometida da pós-modernidade, a maconha será estimulada nas rodas de conversa ao pôr-do-sol.

Na questão sexual, nada de padrões rígidos. Num empreendimento 100% comunista, o naturismo (andar pelado) seria uma das regras. Se por qualquer motivo rolar um ímpeto sexual, independente do objeto de desejo, se homem, mulher, criança, adolescente, idoso(a), casado(a), solteiro(a), viúvo(a) nada de restrições e pudores. O que importa é a satisfação pessoal.

OUTROS SUCESSOS
Acho (só acho) que a preservação ambiental ia ser um marco. Com direito a esgoto 100% tratado com reuso da água em funções potáveis sem nenhum óbice. Afinal, vocês teriam os melhores biólogos e químicos trabalhando em equipe, não é mesmo? Como só vocês pensam, seria a hora de executar tanto pensamento.

Todas as construções seriam sustentáveis, com a própria unidade de reservação de água da chuva (tratada), geração de energia solar e, quem sabe, até a própria ETA compacta de tratamento de esgoto.

O sistema de transporte da megalópole deixaria que se tornará a região, ninguém vai ter lucro. Os ônibus serão todos movidos a energia solar, todos serão adaptados para portadores de deficiência.

As escolas só formariam humanistas. Gente sensível, tolerante, contemplativa. Prisão? Acho que não precisaria fazer. Afinal, só haveria a aglomeração de gente feliz, perfeita, (que sabe mais que todos os mortais). Então, ninguém precisaria ser preso. No caso de ter que disciplinar alguém, poderia levar para um SPA de recuperação física e mental. Assim, uma vez relaxado, com todas as custas pagas pelas rendas dos investidores comunas, estariam aptos para voltar a cumprir suas funções sociais.

Depois que a colônia estiver funcionando como um reloginho suíço, a gente volta a conversar.

Somos pragujadores em excesso. Deveríamos aprender a bendizer



Toda vez que temos algum feriadão temos alguns mal humorados de plantão que saem praguejando contra as datas. Começam a dizer que o brasileiro é preguiçoso, não gosta de trabalhar, por isso o País não vai pra frente blá blá blá.

Para decepção dos maldizentes de plantão, o Brasil está na média mundial quando se trata da quantidade de feriados. A Colômbia aqui do lado e a Índia, lideram a lista com 18 feriados (conforme calendário de 2014). Os Estados Unidos, para amargura de muitos, fica apenas dois dígitos abaixo do Brasil neste item.

Para quem não tem preguiça de ler, fica o link para acrescentar alguma informação consistente. Quando for falar contra os feriados podem, agora, dizer que querem a mesma quantidade do México que, aparentemente, trabalha mais, no entanto, não fazem parte dos países de primeiro mundo.

Aos que vão aproveitar ou estão aproveitando o feriadão, bom descanso, bom divertimento. Durma bem. Coma melhor. Beije os filhos. Faça "cavalinho" na sala de casa com seu bebê. Pise descalço na areia. Tome banho de lama. Deite na rede. Beije longamente a esposa ou marido. Participe das programações de sua igreja. Enfim, saboreie cada momento. Eles não voltam.



REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL JÁ!



Não estou nem aí com as interpretações dos contrários à maioridade penal.
Que reduzam e o façam logo! Vai prender mais gente e não resolver o problema? Provavelmente, sim. Mas por que vou me preocupar com quem não se importa consigo mesmo?

Enquanto estiverem presos estarão impedidos de matarem outros que, diferentemente deles, preferem estudar, obedecem pai e mãe, levantam cedo, dormem tarde. Não ostentam grifes.
Estarão em uma "universidade do crime"? Ora, isso independe do local onde se está. É possível aprender a ser criminoso no Senado, na Câmara, no Palácio do Planalto, nas Assembleias Legislativas.

Oportunidade? Todos a têm! A escola está aberta. O professor está vulnerável a toda sorte de gente mal criada que odeia ser contrariado porque nenhum procriador lhes apresentou limites. Os materiais didáticos são iguais. Caneta, lápis e papel não escolhe a mão que poderá utilizá-los.

Os esquerdopatas, mais "umanos" que todos os outros, peguem a gangue de trombadinhas de 15, 16 e 17 anos que só comem, bebem e dormem, e levem para suas casas.
Bandido é bandido independente da idade. Se é verdade que meio faz o cidadão, também é verdade que o cidadão define o seu meio e como quer se comportar. Se é possível forma tropa de choque para eleger gente ligada ao crime aos 16, porque não pode responder por matar, roubar, estuprar?

Quem quer conforto não deve escolher o crime



Por que estuprador, homicida, ladrão, espancador quer cela confortável? Para poder ser ressocializado? Para descobrir que a vida em sociedade tem regras onde roubar, matar e forçar sexualmente uma pessoa são crimes?

Eu, para ter colchão bom e novo, ralo como um jumento. Eles, bastam por fogo que os demônios das OAB's que dizem representar os "direitos dos manos" aparecem reivindicando mais conforto para os pobres coitados.

Sendo livre, obedecendo pai e mãe, levantando de madrugada para estudar, anos caminhando a pé, ou viajando em coletivos abarrotados, tive de dividir cama com irmão, usar roupa de quem era mais velho que eu.

Aí os bacanas são presos e se ressentem que estão numa sala para 10 e tem 30? Hum... a cama que a mãe, a vó, a tia dele lavava os lençóis era só dele. Por que não se empenhou para ficar lá com a família?

Jesus Cristo, sendo inocente, sem nenhum registro sequer de agressão verbal a qualquer otário, foi julgado com base em depoimentos fraudulentos, torturado, chicoteado com lascas de ossos, recebeu coroa de espinhos e sofreu a morte mais longa e dolorosa, a de cruz.

Para consolo dos monstros que nascem de ventres humanos, o Filho de Deus até os contemplava em sua resignação de dar a vida em favor de quem não vale nada, inclusive eu.

Agora, penitenciária tem de virar spa de vagabundo? Eles precisam ser "educados"? Receberem formação? Se quisessem, teriam se agarrado ao que está do lado de fora. A esquerdopatia de plantão diz que o sistema penitenciário não permite a ninguém ser recuperado. Quaquaráquaqua! E quem deles quer isso?

Que tal pá e enxada na mão para abrirem os canais que podem trazer água do Rio Amazonas para as regiões Nordeste e Norte? Ou abrindo canais de irrigação do mar até o semi-árido?

Garanto que a recuperação será imediata. Se morrer de tanto trabalhar, coisa possível, ao menos poderão receber condecoração por partir desta prestando algum serviço útil à nação.

 
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