Olheiros profissionais: Queixas se multiplicam, olhares bisbilhoteiros também



Entre algumas queixas, dentre tantas, ouve-se: falta de remédios; confusão na aplicação de receita; operações-tartaruga por parte dos médicos; falta de carros e motos para a GM atuar; suspeita de corte na Educação (para suposto aporte à Saúde); falta de professores; ineficiência da Assistência Social; não inscrição do município no programa Mais Médicos; sucateamento dos ônibus que fazem o transporte escolar (ainda que o contrato seja generoso); suspeita de nepotismo do porão ao teto; falta de iluminação pública.

Apesar da bola de neve que desce Everest abaixo, há quem finja se importar com essas e outras questões e, em público, faz discurso de paladino da moral e da justiça, exemplo de postura ética e equânime (chama o ugo!). Entretanto, as ações cotidianas, a conduta de bastidor, longe dos holofotes da mídia (virtual ou real), mostram valores muito, mas muito abaixo da maquiagem utilizada para transitar entre os pobres e mortais.

Dado o teor da capacidade de bisbilhotar e observar com a mesma acuidade de um olheiro de futebol, essas pessoas bem que poderiam ter revelado outros talentos no esporte nacional como foi o caso do Grafite (identificado pelo atual vereador Geada), por exemplo. O caráter do bisbilhoteiro é de tamanho tão miseravelmente insignificante, que os mesquinhos acreditam mesmo estarem prestando enorme favor ao saírem telefonando ou batendo à porta de gabinetes e salas de trabalho para perguntar: 'O que você estava fazendo com Cicrano?' ou 'Por que Bertrano estava falando com Fulano?' ou ainda 'Por que Fulano, saiu com Cicrano da sala de Bertrano?'

Cresci ouvindo dizer que, se uma não quis conversar comigo sobre determinado assunto é porque não me interessa! Olha que simples e lógico! Se interessasse, quem de direito faria o que? Viria falar comigo. Como não o fez, não é de bom tom da minha parte ficar interpelando este ou aquele para aferir o que se passa. Suspeito que quem assim age sobre de duas síndromes 1) comigo-ninguém-pode e 2) todo-mundo-só-fala-de-mim. Trata-se de duas doenças gravíssimas e, quando combinadas em um mesmo corpo, tem resultados funestos.

A síndrome do comigo-ninguém-pode, faz com que o portador da doença se sinta acima do bem e do mal. São enfermos sociais que se sentem mesmo melhor que todo mundo, ainda que os discursos ensaiados digam o contrário. Já a outra síndrome surge pelo grau de evolução da primeira. Quanto mais megalomaníaco, mais se acha que a pessoa é o centro das atenções para todo o restante da galáxia.

O tratamento para essas doenças? Em casos normais seria uma dose simples de humildade. Contudo, via de regra, a cura pela humildade não chega por ação voluntária, geralmente, é efeito compulsório provocado pela queda! Madeeeeeeeeeeeeeeeira! Puff!
Pronto, o peão ou peã demora levantar e, quando o faz, é praticamente uma lagarta que virou borboleta.

Sem querer ser profeta do caos, já vejo a serra no pé de muitas árvores. Quem quiser fazer coro, pode afiar o gogó. O que vai gritar? Madeeeeeeeeeeeeeeiraaaaaaaaaaaaa!!!!
Se for caso não quererem tombar, recomenda-se que parem de cuidar da vida alheia e se importem com as demandas reais que atingem a coletividade e não os egos feridos.

Doutores de Cuba

BRASIL Saúde Pública

DOUTORES DE CUBA
Doentes do interior são atendidos por médicos cubanos por falta de brasileiros

*Leonel Rocha

Inaugurado no começo de 1995, o único hospital de Arraias, um município muito pobre com apenas 12.000 habitantes fincado no Estado do Tocantins, teve de permanecer fechado por quatro anos. O motivo não poderia ser mais bizarro. Faltavam médicos que quisessem aventurar-se por aquele fim de mundo. O que o hospital oferecia não era desprezível: salário inicial de 2.000 reais e ajuda para moradia.

Só há onze meses o hospital foi finalmente reaberto. O milagre veio de Cuba. Enfim, Arraias conseguiu importar cinco médicos da ilha de Fidel e, assim, abrir as portas do hospital. Não é um caso isolado. Outros hospitais de cidades que nem no mapa podem ser identificadas, como Augustinópolis, Dianópolis e Miracema, todas no Tocantins, também ficaram anos fechados e só foram reabertos após o desembarque da tropa vestida de branco de Cuba. Hoje, já existem 166 médicos cubanos espalhados por favelas de grandes cidades e nos mais distantes municípios de Estados como Roraima, Pernambuco e Acre. A maior concentração, com 56 médicos, fica no Tocantins.
Eles alegam motivos missionários para deixar cuba e se embrenhar em regiões de outros países. "Fazemos isso porque somos socialistas e exercemos uma espécie de militância da medicina", diz Filiberto Ares, primeiro secretário da Embaixada de Cuba. Pode ser, mas não há como negar que, fora de Cuba, eles podem juntar um pouco de dinheiro e ter acesso a melhores condições de vida do que conseguiriam na ilha do comandante Fidel Castro.

O salário mensal de um médico em Cuba corresponde a 550 pesos cubanos ou 25 dólares: cerca de 50 reais. No Brasil, eles ganham no mínimo 2.000 reais. Bom negócio, com certeza. O casal de médicos Moiséis Morejon e Rosa Salop, por exemplo, desembarcou em Miracema, interior do Tocantins, onze meses atrás. Nunca tinham visto um doente de leishmaniose na vida e o desejo deles é conseguir fazer uma pequena poupança para, quando voltarem a Havana, trocar o carro e comprar alguns eletrodomésticos novos para a casa.

Outro casal, Armando Castilho, cirurgião, e Carmen, clínica geral, sonha com um computador novo. A clínica geral Suzana Hage, 37 anos, há dezoito meses na cidade de Porto Nacional, no Tocantins, que já tratou até de picada de cobra venenosa, coisa que não existe em Cuba, sente falta do mar, mas afirma que o esforço vale a pena. O pediatra Joaquim Roman, de 63 anos, que está em Porto Nacional há um ano, já passou por vários países africanos e agora está no Brasil. Ele refuta a idéia de objetivo material em suas peregrinações. "Meu interesse é a ciência", diz.

Os cubanos são bem-vindos, mas existe um problema. A contratação desses médicos é irregular perante as leis do Brasil. Eles precisam da revalidação do diploma numa universidade brasileira para atuar no país. Com base nessa desculpa burocrática, o Conselho Federal de Medicina denunciou as contratações ao Ministério Público pedindo o cancelamento dos convênios: "Não somos xenófobos, mas não há motivo para trazer médicos de fora e tirar o emprego dos profissionais daqui", diz Edson de Oliveira Andrade, presidente da entidade. O doutor Andrade e seu douto conselho deveriam explicar então por que faltavam médicos brasileiros nas cidades miseráveis que agora estão sendo atendidas pelos cubanos.

Fonte: Veja, edição 1620, 20 de outubro de 1999, pp. 52 e 53

Para além dos cubanos: o totalitarismo de resultados

Por Paulo Rosenbaum*

A polêmica do programa mais médicos agora se direciona francamente ao ideológico. E, a rigor, talvez não seja exatamente um erro, mas um enfoque problemático. Pesquisas encomendadas pelo governo mostram aprovação da vinda de profissionais de outros países, mas está no mesmo escopo da pesquisa que traz a pergunta “você é a favor do combate a corrupção?”ou  “concorda com uma reforma que modernize o país?”. Quem acha que as pessoas não apreciariam que todos tivessem atendimento médico decente? Está na constituição, consta que é um motivos da existência do SUS, enfim, uma das poucas coisas em que há consenso é que a medicina não pode ser submetida às estruturas econômicas mercantilistas.

Então por que tanta polêmica com a vida dos estrangeiros e particularmente dos cubanos? Em debate recente um ex-ministro da saúde disse que eles viriam por “questões humanitárias”. Questões político-partidárias teria sido uma resposta mais próxima da sinceridade.
Na verdade, tudo isso estava sendo articulado bem antes das manifestações, especialmente com dirigentes da ditadura cubana. O governo federal só esperava a oportunidade propícia para anunciar o convênio secreto. E achou que a teria achado em meio aos dias de pressão máxima, quando as manifestações e o desafio ao poder atingiram o perigeu.

O problema é menos que estes médicos estão vindo em condições legalmente suspeitas, e muito mais os critérios adotados por um poder que acha que pode passar por cima de todas as instituições que representam a sociedade para fazer valer sua vontade através de medidas provisórias. A palavra certa para os empreendimentos desta administração. Provisoriedade. Desprezo pelos critérios técnicos, manipulação da opinião pública e troça à seriedade institucional. Esta é a história natural das medidas cosmético-populistas do lulo-lulismo que gradualmente substitui o lulo-petismo.

Nem merece voltar a discutir que os 400.000 médicos pátrios já seriam suficientes para satisfazer os critérios recomendados pela OMS, ou de que não ajuda muito que estes profissionais sejam agraciados com um regime especial e passem por cima das avaliações e certificações dadas pelas instituições médicas de ensino. Exigências conquistadas à duras penas e que sempre visaram proteger a população. A única forma de poder aferir habilidades e a capacidade de gente que cuida da saúde para oferecer atendimento decente. Na radicalidade, pode-se afirmar que atendimento médico mal feito pode ser pior do que nenhum.

Tudo isso é periférico frente à questão central, obscurecida por picuinhas insignificantes. O que vale mesmo ser discutido é o totalitarismo de resultados que o executivo implementa no país, visando angariar votos e projetar-se adiante através de medidas-tampão. Trata-se de mais um lance de teor autoritário que evidencia o desprezo pelo debate e outro golpe baixo desferido contra o diálogo.
Entre as cartas à redação que o jornal recebeu, estava uma que dizia algo como “nem que estes médicos fossem mudos deveriam vir para tentar melhorar os indicadores de saúde”.

Mas não é a mudez que preocupa, o perturbador é a surdez coletiva aos desmandos.

Paulo Rosenbaum é médico e escritor. Mestre e PhD em ciências, é pós-doutor em medicina preventiva (USP). É autor de "A Verdade Lançada ao Solo" (editora Record). Tem uma coluna semanal em "Coisas de Política", do Jornal do Brasil.

Segurança: GM padece de mal gerenciamento

O que publico agora ou deve ser rechaçado (nem que seja na imprensa 'oficial', uma vez que não falam em redes sociais), ou teremos o direito de ficar com a versão da fonte que, felizmente, é bastante confiável e, por isso, resolvi partilhar. 

Pelo andar da carruagem, a valorização da Guarda Municipal que foi tão propalada antes e durante o período eleitoral, virou favas contadas depois dele. As queixas que acabam vazando dão conta que a corporação está na iminência de não poder colaborar, efetivamente, com a preservação do patrimônio público.

Vide as razões apresentadas:
1) Cada viatura está limitada a fazer 80km diários, a alegação é contenção de despesas; 
2) Geralmente nunca tem duas viaturas por plantão, pois faltam guardas; 
3) O “magnífico” prefeito tem 4 GM's fazendo sua segurança pessoal 24h 
(desconfiam, ainda, de FG);
4) Efetivo nas ruas diminuído por funções de relevância e/ou necessidade duvidosas: 
3 na administração da GM 
1 como motorista pessoal do comandante
2 Delegacia
1 Polícia Federal
1 Fórum
1 UBS central 
1 antigo hospital 
1 ginásio de esportes 

Segundo a fonte, por algum capricho pessoal, "o comandante colocou 3 gm's em escolas quando poderiam estar fazendo a ronda motorizada". No bico do lápis, são 14 GM's que poderiam estar sendo melhor aproveitados.

O entendimento de quem está dentro e, mesmo quem está fora mas percebe as implicações disso, é que "a GM atua preventivamente e que, retirando os gm's do serviço operacional motorizado, faz com que o patrimônio público fique desprotegido".

Semear, regar e colher

Escrevendo aos cristãos da cidade de Corinto, o apóstolo Paulo disse o seguinte: "De modo que nem o que planta nem o que rega são alguma coisa, mas unicamente Deus, que efetua o crescimento". (1 Co 3:7 - NVI). Embora ele estivesse combatendo o partidarismo desenvolvido entre os coríntios acerca das preferências sobre Apolo, Pedro ou ele, seu raciocínio, sob minha perspectiva, cai como uma luva para líderes e gestores nos mais diversos setores da sociedade.

Faço, agora, uma aplicação específica no universo político. Hoje, 26 de agosto de 2013, os novos governos municipais completam 237 dias de ocupação do poder. Principalmente nos casos onde não houve continuidade, o discurso preferido de partidários de todas as legendas é dizer que quem saiu nada fez e, agora, 'tudo vai ser diferente'. Reivindicam para si uma capacidade que não têm e ainda querem negar tudo o que veio antes. 

Nenhuma cidade, Estado ou País, em qualquer momento de sua história, já disse ou poderá dizer algum dia "que não existe nada mais a ser feito". A sociedade é dinâmica, está sempre em movimento e mutação. O que era solução há 10 anos, não é mais exequível agora. Assim como as soluções de hoje, vão precisar de revisão daqui a algum tempo.

O fato é que nenhum gestor é a última bolacha do pacote. Nenhum político é a última cocada, a última massa da macarronada, o último queijo ou o último chimarrão. 

A gestão pública, como todo e qualquer trabalho, é passível de erros e acertos. Quem entrou deve, simplesmente, corrigir o que entende necessário e manter, melhorar ou ampliar o que é bom para a maioria. Nada no universo dos homens é unânime. Sempre haverá um percentual não satisfeito ou não contemplado com esta ou aquela ação, mas nisso está a democracia: o empenho para satisfação das necessidades da maioria, com cuidado para que as minorias não sejam vítimas de violação dos seus direitos.

Ao longo do tempo, todos os gestores vão, sim, colher frutos que não foram por eles semeados ou regados. Aliás, isso já ocorre em todas as cidades. O que se nota, porém, é um esforço concentrado em reivindicar para si o mérito ou jamais mencionar que outros prepararam o caminho. Esse é o tipo de ação que revela o quão pequenos de caráter são estes indivíduos.

O caráter do homem, determina o tamanho e impacto de suas ações. Quanto mais humilde, melhores, maiores e duradouros são os atos e efeitos deles. Quanto mais prepotente, as propostas são piores. No entanto, seus danos nem sempre são tão pequenos quanto seus autores. O estrago, via de regra, é longo, profundo e com recuperação dificílima para aqueles que os sucederem.

Concluo lembrando que se não planta e não rega, também não dá frutos, logo, o jeito é cortar e lançar fora.

A diferença entre o que se diz e o que se vive


Existe a pregação de uma ilusão coletiva que é repetida pelos membros do Clube da Vingança, composto pela trupe da mentira, que é endossado por vassalos que se espraiam nos mais diversos setores. Claro que a vassalagem não sai barata para quem a recebe, mas é um preço que estão dispostos a pagar.

Enquanto pregam que o País de Alice vai enviar comitiva a Campo Limpo para copiar as maravilhas que aqui se praticam, especialmente no Hospital de Clínicas que, de repente, virou um espetáculo 'só porque a Humanitas saiu' (quaquaráquaqua), servidores dão conta de outra realidade. Entre as medidas adotadas, cortaram o café da tarde e da madrugada. Também querem cortar funcionários.

Estagiários
Com todo respeito que os estudantes de enfermagem merece, o aumento da presença deles no HC está causando preocupação para pacientes mais argutos. 
São duas turmas de estagiários, uma na medicação e outra na clínica. Fica a dúvida se os estagiários são devidamente monitorados e treinados. Se os erros cometidos por médicos e enfermeiros profissionais estampam o noticiário Brasil a fora, é temerário que o atendimento do hospital municipal passe a ter uma presença maciça de estagiários.

Diagnóstico
Só como exemplo, um paciente que chegou com uma alergia nos braços e rosto em função de contato com arueira, foi tratado como tendo sido vítima de queimadura. Para a fonte que relatou o caso ficou o questionamento "já viu queimadura começar num braço e passar pro outro e depois pro rosto?"

Gestão de equipe
Os rumores de que os médicos estão pedindo a conta por falta de pagamento ainda se mantém. As ameaças de que se o pagamento não sair, vão fazer greve, também são recorrentes. Há pelo menos três semanas é o que se ouve. A gestão da equipe também é outra coisa que está muito esquisita.

Ainda segundo um dos servidores, os enfermeiros são trocados de setor em frequência acima do tolerável: "quando pensa que o chefe é um, no outro plantão, já é outro". Claro que com isso, o entrosamento entre os profissionais fica comprometido e, conforme pondera o profissional, "vira uma bagunça só".

A promessa de fim de túnel, é de que a partir de setembro vão realizar 140 cirurgias por mês. Fato é que tem gente achando que ia amarrar o burro na sombra, mas o coitado está se afogando. O dinheiro é curto, a inteligência mais curta ainda, mas o bolso é longo e insaciável. Aquele tipo de bolso de quem vai em festa de criança e leva metade dos doces.

Criticar é necessário, mas que seja com consciência

Este post foi editado em função de alguns desdobramentos da política em Itatiba que acompanho por meio do "Itatiba precisa de que????", um grupo no Facebook.
A participação popular nos questionamentos, críticas e proposituras são muito importantes para a consolidação da democracia. A bem da verdade, ainda somos uma população que está descobrindo como usar os recursos tecnológicos para apresentar nossas demandas. 

Pela falta de maturidade política, inconstância ideológica, desinformação de questões elementares sobre a gestão pública, as pessoas adotam discursos tais como:

1) 'Não gosto deste governo, queria o outro. Logo, nada do que eles façam terá meu reconhecimento, ainda que seja bom.'

2) 'Amo este governo. São lindos, empregaram meus parentes e amigos. Qualquer coisa que eles fizerem, mesmo que seja ruim, eu vou aplaudir porque eles são lindos!'.

3) 'Pra mim tanto faz, não ganho nada com isso.'

4) 'Vou reconhecer o que é importante, mas vou fazer saber minha insatisfação com os serviços e políticas públicas quando entender que contraria meus valores.'

Obviamente que os pensamentos 1 e 2 não são verbalizados com uso de megafone. Geralmente é dito apenas mentalmente, pois não são discursos politicamente corretos. O pensamento de número 3 é o de gente inútil para a população e utilíssima para os governantes de má fé. Isso em Itatiba, Jundiaí, Várzea, Natal, Londrina, Sinop qualquer buraco que atenda por nome de Brasil. 
Já o discurso 4 não é adotado, pois as pessoas passam a ter medo de serem consideradas 'maria-vai-com-as-outras'. 

Pois bem. Isso posto, o Atlas do Desenvolvimento Humano apresentou dados interessantes acerca de Itatiba.
O IDHM itatibense passou de 0,705 em 2000 para 0,778 em 2010 - uma taxa de crescimento de 10,35%. O hiato de desenvolvimento humano, ou seja, a distância entre o IDHM do município e o limite máximo do índice, que é 1, foi reduzido em 24,75% entre 2000 e 2010. O IDHM na cidade teve pouca diferença da média do estado de São Paulo, que foi de 0,783, e ficou acima da média do País (0,727). No ranking do Atlas Brasil, Itatiba ocupa a 145ª posição, em 2010, em relação aos 5.565 municípios do Brasil. Em relação aos 645 outros municípios de São Paulo, Itatiba ocupa a 75ª posição. Entre os 19 municípios da RMC, a cidade está na 11ª posição.

Salvo engano, não vi ninguém argumentar sobre este levantamento. Obviamente que em função do período, o atual prefeito, Fattori, não pode reivindicar exclusivamente para si o mérito dos êxitos tal qual fez uma certa gestora do atual governo jundiaiense. Se houve algum crescimento, isso é resultado de investimentos sucessivos. Com erros e acertos que são registros inerentes a qualquer atividade.

Embora nunca comente as postagens, sempre visito a página [Itatiba precisa de que?] para saber um pouco do que está ocorrendo na cidade. Nunca residi em Itatiba, mas o faria a qualquer momento se assim precisasse. Nestas visitas à pagina supra citada, percebo que existe mais disposição para o ataque do que para o reconhecimento ou mesmo propositura de algo. 

Numa observação sem muito vagar, percebe-se que a insatisfação dos cidadãos cuja expressão do voto não foi contemplada com o prefeito Fattori parece mais a insatisfação pela insatisfação e, não, a insatisfação pela vontade de ver melhorar, de contribuir pelo progresso. O pensamento secreto que parece rolar é: 'Como não é quem eu queria, só vou aloprar!'.

Bem, isso é um direito que assiste a todos. Desde que os ataques não firam a imagem e a honra de ninguém, fale-se em profusão. Posso também estar equivocado, mas o grupo político que tem mais bala na agulha é o do ex-prefeito Fumach. Se for observada a trajetória numérica do seu grupo, não se pode presumir que ele foi a unanimidade que alguns talvez queiram apresentar.

Quando eleito em 2000, sua votação foi expressiva: 22.915 votos, o que corresponderam a 59,76% dos votos válidos. Na rua reeleição, a queda percentual foi considerável: 29,85% dos votos válidos que, em 2004, totalizaram 13.685 eleitores. Mesmo assim, ele teve uma segunda oportunidade para continuar seu trabalho. Ok.

Em 2008, o sucessor "natural" de Fumach, João Batista Chaves, que veio com a chancela do PMDB (partido pelo qual o prefeito havia disputado os dois pleitos anteriores), conseguiu apenas 9,89% dos votos válidos, que corresponderam ao terceiro lugar na disputa. Enquanto isso, Fattori, ganha a sua primeira eleição com 48,93% dos votos válidos o que correspondeu a 24.565 itatibenses credenciando-o a mostrar porquê queria ser prefeito.

Quatro anos depois, a grande avaliação seria feita, soberanamente, pelo povo nas urnas. Quer os membros da oposição ao atual governo municipal gostem, ou não, reconheçam ou não, a reeleição de Fattori foi endossada por nada menos que 59,30%, ou seja, 10,37% a mais que o percentual atingido para o primeiro mandato. Foram 32.145 eleitores dizendo que ele podia continuar, enquanto apenas 12.795 (23,60% dos votos válidos) endossaram um eventual retorno de Fumach.

Ora, se Fumach era a maravilha que vendia (vende) ser, quando da sua reeleição em 2004, o percentual de eleitores deveria ter aumentado como aconteceu com seu principal oponente. Não, caído em 30%! Se a vontade do povo é soberana, quando a maioria já mudou de posição quando da reeleição e não consentiu com o retorno agora, alguma coisa não está regular no meio disso tudo.

Semana passada, houve toda confusão na sessão da Câmara envolvendo agressões a manifestantes, acusações de abuso de autoridade por parte dos GMs etc. No meio disso tudo, alguém disse que não se devia confiar no que estava publicado no Jornal de Itatiba (JI), rotulado como 'comprado' pelo governo municipal e que a 'verdade' estaria no jornal Bom Dia (BD). 

Ora, se o que está no JI não deve ser crido por, supostamente, ser discurso "oficial" da prefeitura, o que está no BD, é discurso oficial do Fumach. Ou é preciso desenhar que o BD surgiu na cidade apenas como veículo para contrapor o governo municipal? Parece-me uma argumentação ingênua em demasia acreditar que a isenção, tal qual um espírito de luz, de repente, tomou conta de um, e o partidarismo editorial, como um demônio, se apropriou de outro.

A ilusão nossa de cada dia

Entre uma discussão e outra sobre a relevância de uma audiência pública, depois de passarmos por diversas pautas, entre elas o anarquismo, um interlocutor virtual por nome Edilson Timóteo publicou o que segue: 

"A questão aqui não é o anarquismo, é o capitalismo e como isso se reflete em nossos governos e na ausência de políticas públicas com qualidade e continuidade, Campo Limpo Paulista é o nosso exemplo imediato. Já anarquismo não significa 'sem ordem', significa sem governo e sem Estado, coisas completamente diferentes e que requerem um outro tipo de homens e mulheres, que ainda não existem ou ainda são muito poucos. 

Muitos de nós se tornou cego ao somente enxergar um modo de viver em sociedade, quem tem sofrido muito com esse jeito de viver que considera normal o acúmulo e a concentração de riqueza, além da população indígena desde a falsa "descoberta" deste país, é a população pobre que paga quase todas as contas públicas e privadas. 

É uma ilusão querer consertar este sistema em que vivemos, ele não funciona se for "consertado", geralmente este discurso que se limita ao uso dos mecanismos oficiais está no que costuma-se chamar de legalismo, este discurso todo ordeiro, dentro da "ordem democrática" é o que normalmente se usa para conter a legítima necessidade de se expressar por parte da classe explorada por este mesmo sistema. 
Faz parte da condição humana manifestar-se, nunca foi preciso escrever isso para que fosse feito. O legalismo já chegou onde podia, nesta sociedade de letras mentirosas, não precisamos ignorá-lo, isso seria ingenuidade, mas jamais iremos a lugar algum se nos limitarmos somente às sessões da câmara, audiências públicas ou leis. 

É a nossa própria condição humana que nos leva além disso, não cabemos numa constituição nem num parlamentos, somos maiores, é por isso que estamos em todos os lugares, todas as casas, bairros, ruas, empregos, é por isso que algumas instituições precisam ser destruídas para que construamos outras. 

A lei e as ruas estão juntas no mesmo tempo, os homens e mulheres que as ocupam não precisar tapar os seus próprios olhos e escolher uma ou outra, estamos em todos os lugares e podemos tirar o melhor de cada um."

Minha réplica:
Somos todo iludidos. Não tome isso como pessoal. Eu, iludido, no que é definido como "legalismo". Outros até rotulam-me como reacionário ao ficar do lado das leis e não do que diz o povo. 

Se sou rotulado como iludido, posso devolver o predicado aos que me são contrários. Afinal, de acordo com a minha perspectiva, eles também estão no universo da ilusão ao acreditar em suas bandeiras quase com candura romântica e com um tom quase maniqueísta ao dizer que o mal do mundo está no Capitalismo e o solução seria... o Comunismo(?). 

Daqui a pouco, só vai faltar que se reproduza com a mesma virulência o discurso do gênio bolivariano, felizmente morto, do Hugo Chavez que em tudo via o imperialismo americano. 

Se tudo é ilusão, sigamos cada um defendendo a sua. Igualdade, liberdade e fraternidade é lema lindo para ler, estampar na sacada de casa, fazer chaveirinho, mas só, nada mais além disso. As diferenças e desigualdades nunca deixarão de existir. 

Enquanto seres pensantes e, hipoteticamente solidários, acredito que podemos amenizar a dor de quem nos cerca, por algum tempo, mas não por todo o tempo. Especialmente se o alvo do cuidado escolher a comiseração como forma de vida e, ao descobrir que é cômodo ser coitado, colocar uma mangueira e deixar de lado a sucção labial, ligar um motorzinho para cumprir à risca a lei do mínimo esforço.

Nem mesmo dentro de casa é suportável um filho, irmão, cunhado, tio que opta pelo ócio enquanto outros ralam para produzir. Não acredito que existam coitados no mundo mas, sim, acomodados. Sou favorável a ajuda humanitária em situação de guerras e conflitos. Em uma terra como o Brasil, numa cidade como Campo Limpo Paulista considerando a região que está inserida o coitadismo é somente uma expressão social e não um problema real.

Não admito o argumento da "falta de oportunidade" para adolescentes que aos 16 anos se recusam a estudar, mas não param de frequentar o boteco. O Estado não cumpriu o seu dever?

Em um exemplo bastante pontual: na região leste de Campo Limpo Paulista é possível trafegar a pé pelo intervalo de 15 minutos entre 3 escolas estaduais: Victor Geraldo Simonsen, Jd. Europa, Frei Dagoberto Romag, São José e Georgina Fortarel, no Jd. Europa.

As unidades estão lá. Os professores também estão lá, o material didático é entregue no começo do ano para que delinquentes que querem ser tratados como cidadãos decentes façam lama de papel nas portas das unidades no fim dos anos letivos. Os mesmos que reclamam da falta de coleta seletiva, são os que vão emporcalhar as ruas. 

Sair da escola sob a alegação de desestrutura familiar é cômodo demais! Uma pá e uma enxada faria tudo se reestruturar, se não na família, ao menos na minha própria vida. Não admito ter gente dizendo que adolescente não pode trabalhar antes dos 14 anos, mas pode se tornar marginal, não produzir nada e depois atribuir ao Estado o resultado da própria indolência.

Existem desequilíbrios no Capitalismo? Existem. Mas prefiro a imperfeição capitalista, à ilusão comunista. Acredito na força do trabalho e na remuneração de acordo com o ritmo de produção desde que isso não se configure como escravidão. Temos um país que poderia, sim, produzir riqueza apenas com consumo sustentável de recursos naturais, ao invés disso, apenas criamos a cultura da inveja. 

Invejamos os japoneses que mesmo depois de ficarem arrasados após a 2ª Guerra Mundial se tornou potência global. Surpreendente é observar que milhares de estrangeiros chegaram no Brasil no começo do século 20 e prosperaram mais que muitos nativos. Os japoneses estão neste grupo. 

As primeiras levas foram expostas a regimes absolutamente escravocratas. Eram privados do direito de ir e vir para trabalhar nos cafezais. Houve quem tramasse fugir. Quando, finalmente, passaram a ser tratados com o mínimo de dignidade, se dedicaram ao trabalho árduo. Viram na vastidão geográfica do país a oportunidade de produzir para si e para enviar recursos aos familiares que não puderam imigrar. Hoje, uma crise no mercado japonês pode não abalar a estrutura global, mas faz trinca ao menos o reboco. 

Invejamos os países europeus que caberiam sambando no Estado de São Paulo. Com menos terra produzem com mais qualidade que nós. Invejamos a produção desses países, mas não imitamos seu segredo: estudo, qualificação, capacitação contínua.

Por certo quem faz a leitura deste post deve interpretar que sou frio, insensível e implacável. Talvez eu tenha mesmo me tornado tudo isso. Especialmente depois que o Estado mais pobre em desenvolvimento humano do país, Alagoas, preferiu reconduzir ao Senado uma figura espúria como Renan Calheiros em detrimento da ex-senadora Heloísa Helena. 

Não gosto do que vai pela cabeça da professora. Para mim ela é uma maniqueísta, mais que ultra-marxista. Tenho medo de sua crença na expropriação e moratória como mecanismos infalíveis de gestão macro-econômica. 

Entretanto, é vergonhoso que os alagoanos virem as costas para sua imagem ilibada e endossem como representante no Senado um infame como Calheiros. A diferença moral é tão gritante que ela está elevada demais para ser comparada ao calhorda. 

Logo, se a pobreza não abandona Alagoas, o problema é menos dos políticos do que daqueles que os nomeiam como seus representantes. Afinal, a infeliz recondução foi fruto do apoio de nada menos que o asqueroso do Lula. 
Se preferem um sorriso barato de dois safados a um semblante sisudo de uma mulher que terminou o mandato de senadora e voltou para a sala da aula na Universidade Federal de Alagoas, que colham as consequências de sua infeliz opção. Cito este exemplo porque foi um dos resultados eleitorais que mais me marcou nos últimos anos.

Se o que hora publico tem um de rispidez, talvez seja resultado da dificuldade em separar a emoção da razão. Contudo, não é nada que faça-me declarar guerra. É apenas o grito abafado de um brasileiro que, literalmente, já verteu lágrimas por momentos de desencanto e absoluta descrença. 

Mas, restabelecido das tempestades emocionais, não pude agarrar-me à desilusão, sob o risco de naufragar. Então, continuo lutando e remando. Ainda que com remos talvez frágeis, mas determinado em não sucumbir.

O caminho da Lei é mais longo, porém eficaz

Meu ceticismo quanto ao "despertamento do gigante" é cada vez maior ao ver sessões ordinárias e audiências públicas vazias e vândalos que continuam destruindo tudo em nome de uma reivindicação que os cidadãos decentes não endossam. Enquanto as massas não entenderem que reivindicar é diferente de depredar, as aglomerações, para mim, não vão passar disso.

Não virou pauta da Rede Globo, Record, SBT, Estadão, ou Folha, mas em Campo Limpo quando da votação das duas novas secretarias que o Executivo Municipal quis empurrar goela abaixo, no dia 18 de junho de 2013, um grupo de manifestantes sem barulho, sem arruaça, sem nenhum grito, falou mais e melhor do que uma multidão de vândalos.

Ademais, quero ver massas tomando as ruas sabendo exatamente o que quer e, não, segurando um cartaz contra uma PEC (só para dar exemplo) que sequer conhece o teor. Ainda acredito que as manifestações formais, o uso dos caminhos de libertação que a própria lei oferece são mais difíceis e penosos, porém, mais eficazes.

Massas nas ruas aceleram decisões populistas, massas nas sessões, audiências, gabinetes de gestores públicos pressionam por decisões democráticas e verdadeiramente republicanas.

Um interlocutor virtual escreveu: "Reclamar e se organizar politicamente em movimentos sociais, associações, coletivos etc. é uma forma de educar e educar-se politicamente, não faz mal nenhum à construção de uma verdadeira democracia e ao verdadeiro empoderamento da população organizada, isto deve e precisa ser estimulado." Acredito piamente nisso. 

Entretanto, o que vi nos cartazes e ouvi nos gritos de uma massa pouco imbuída de senso crítico (nas semanas de protesto em junho) é que 'os partidos não me representam', 'nenhum político me representa'.

Muito embora PSOL, PTC, PSTU e alas menos inteligentes do PT estivessem devidamente camuflados na insurgência acreditando que mudariam o mundo para fazer valer a sua ideologia. Uma coisa são as necessidades em comum que todos têm: educação, saúde, segurança, lazer, habitação. Outra, bem diferente, é saber o caminho a se garantir estes direitos.

Por hora, o que vejo é uma minoria que se diz progressista, querendo impor sua forma de gestão. Mesmo tendo entre eles alguns anárquicos que, em número ainda menor, sentem-se no direito de negar o que a maioria reconhece como legal.

Ora, se quero melhorar um sistema, não posso negá-lo. Devo aprender como ele funciona, ter pleno domínio de suas faces e saber onde exatamente influir. Não se conserta um veículo, sem saber quais são as suas peças e como funcionam. 

A criação de partidos políticos é regulada pela Constituição. Perfeita e inerrante? Obviamente que não, mas, ainda assim, acima da minha vontade. Para ser alterada, precisa de consenso da maioria que será construído mediante discussão prévia entre aqueles que receberam chancela para representar a vontade da maioria. A qualidade desses representantes depende, obviamente, da qualidade de quem os escolhe. 

Enquanto tivermos uma massa capaz de eleger Tiririca como deputado federal alegando apenas que está dando um voto de "protesto", a minoria consciente pagará pela maioria inconsequente. Nisso está a democracia. Reconheço que ruim, mas mesmo assim democrático.

Os mecanismos de acompanhamento das autoridades não são invenção do lulo-petismo com a lei da transparência. A LRF está em vigor desde 2000. Desde então, obrigou gestores levianos a prestarem contas de como estão usando os recursos públicos. Infelizmente, uma linguagem técnica demais para que a maioria compreenda. Contudo, os cidadãos qualificados prestam grande serviço à comunidade quando compartilham o que percebem nas linhas e colunas de um balancete público.

Não sou a favor de cidadão recolhido, quero ver parlamentos cheios, audiências lotadas, discussões de projetos em boteco, alunos no Ensino Fundamental sabendo como funcionam as regras do Estado Democrático de Direitos que ele faz parte. Contudo, é preciso muito mais do que ver vagabundo depredando tudo e depois se fazendo de vítima por causa da bomba de gás lacrimogêneo ou do cassetete no lombo. 

Já disse em outras ocasiões, cidadãos que sabem reivindicar foram às ruas, protestaram, levantaram suas faixas e cartazes e voltaram sem nenhum arranhão para suas casas Brasil a fora. São estes (infelizmente ainda poucos) que continuam as lutas usando os dispositivos legais. Neles acredito, a eles apoio e uno-me. O resto é somente isso, resto.

Concluo com trecho do discurso de Ulysses Guimarães (1916 - 1992) no qual, em 5 de outubro de 1988, no ato de promulgação da Constituição Federal ele afirmou: "A Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa, ao admitir a reforma. Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca. Traidor da Constituição é traidor da Pátria."

Autoridade se conquista com trabalho

Há quem defenda que para se ter influência sobre as pessoas é necessário saber mandar nelas. Os defensores desta ideia gostam do jargão “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. 
Aplicam a máxima para todas as relações sociais e de trabalho. O líder religioso e seus congregados, o chefe de equipe e o peão, o professor e os alunos, entre outras relações. 
No entanto, essa história de ‘mandar quem pode’ só cabe na minha cabeça com a ressalva de que o tal ‘poder’ seja conquistado pela ação, pelo exemplo, pela atitude. Nem mesmo no ambiente familiar as coisas funcionam na onda do “goela a baixo”. 

Quem quer educar filhos tem que aprender, desde cedo, a argumentar, influenciar, conquistar e, mais que isso, tem a obrigação de fazer o que fala.
Ora, se a família é a base da sociedade, o que dá certo e o que dá errado no meio dela, é facilmente replicável para as demais instituições sociais quer sejam elas públicas ou privadas. 

Um exemplo simples: se os pais dizem que não é para gritar com as pessoas e, no entanto, elas flagram o pai berrando com a mãe, ou mesmo elas são abordadas pelos pais aos berros, dificilmente estas crianças saberão praticar as regras de etiqueta e bons costumes. 
O mesmo é válido para questões como honestidade com o dinheiro dos outros, boa gestão do próprio dinheiro, hábitos inteligentes de consumo, consciência ambiental, cidadania, respeito ao próximo e tantos outros assuntos.

Quem sabe fazer, não encontra dificuldades para ter pessoas que sigam seus passos. Quem faz, ao invés de simplesmente mandar no alto de seu pedestal, passa a ter as pessoas à sua volta muito mais dispostas a fazer o que é obrigatório e, melhor que isso, elas vão além do que simplesmente são ‘mandadas’. 
Quem sabe fazer, antes de simplesmente mandar, desperta nas pessoas o melhor de suas potencialidades que tem sob sua liderança, comando, presidência, direção ou seja lá que nome gostem de dar. 

Qualquer filho, esposa, funcionário, colega, aluno estará sempre muito mais disposto a produzir. Sua mente estará sempre em atividade. Sua criatividade será estimulada. Sua motivação, amor pelo trabalho e desejo de aperfeiçoar o exercício de sua função estará sempre em constante amadurecimento e aperfeiçoamento.

Enquanto tudo isso acontece, a pessoa que tem a função de comando estará sempre em alta. As pessoas que a cercam, em um momento ou outro, irão se lembrar das palavras, dos gestos, das expressões que as ajudaram a crescer, a observar determinado tema com outro olhar.
Sempre foi assim com Jesus, o Cristo. Ele pouco ordenou, e muito fez. Suas ações eram tão poderosas e marcantes quanto seus discursos. Havia absoluta harmonia entre o que dizia e o que fazia. 

Não abraçava crianças simplesmente para ficar bem na foto do cartaz ou estampado na capa de algum jornal. Ghandi também é outro exemplo ainda mais recente que Cristo. 
Ele pautou sua luta por revolução sem armas a partir de suas atitudes. Fácil? Não foi. Mas seu exemplo ainda deveria causar vergonha para muitos de nós que prefere achar, afirmar, defender, propalar que o certo mesmo é apenas mandar.

No alto de sua empáfia, quem ouve falar deste tipo de pensamento faz até escárnio de quem acredita no poder do exemplo, na eficácia de fazer ao invés de simplesmente mandar. Felizmente, a sociedade é dinâmica. Não está parada. Ao contrário do que pensam os prepotentes as pessoas pensam e, por isso, se tornam melhores que eles.

Autoridade não se impõe no grito, se conquista com trabalho. Mas, infelizmente, muita gente esquece que se gritar resolvesse porco não morreria. Quem tem autoridade não grita, simplesmente argumenta, apresenta razões, cede, aceita sugestões e, com isso, conquista benefícios que vão além de sua pessoa.

Discursos clichês

'Esta cidade é uma vergonha!' Essa tem sido uma postagem que vejo em diversos grupos no Facebook. Basta o super-mega-esclarecido-e-engajado 'cidadão' estar insatisfeito, desiludido ou descartado, que a cantilena do abandono geral se instaura.

Engraçado é que boa parte destes cantadores da vergonha nunca foi a uma sessão ordinária de Câmara, nunca participou de uma audiência pública, não sabe o que significa, pregão eletrônico, tomada de preço, concorrência, acha que lei "orgânica" é qualquer coisa que não pode ser reciclada.

Via de regra, também, os esclarecidos da vez, afinal, ninguém sabe mais que eles (ainda que odeiem a leitura), abominam toda e qualquer publicação que comece com "de acordo com a lei...". Burramente, dizem que são a favor da anarquia, mas querem recorrer a representantes constituídos em um regime democrático que, embora vivam nele, desconhecem princípios elementares.

Os insatisfeitos e grandes arautos de uma revolução que eles não sabem nem qual é o caminho para se chegar nela, gostam de repetir: 'eu tenho direitos'; 'eu pago impostos!' como se mais ninguém pagasse ou tivesse direitos. Ohhhhhhhhhhhh!!!

Direitos todos têm e impostos todo mundo paga ainda que não se saiba quanto. Os paladinos da revolução sem rumo só nunca repetem a expressão: 'eu tenho deveres'. Por quê?

O Estado tem deveres? Bem, a própria Constituição Federal admite isso quando registra uma série de ações como "dever do Estado...". Logo, sob a égide da Carta Magna o Estado reconhece suas atribuições. Entretanto, há deveres bem definidos também para o cidadão e para a família. Vou citar só dois exemplos dentre centenas.

Sobre segurança, o artigo 144 afirma: "A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos". O artigo 205, define que "a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade..."

Eis aí problemas "gravíssimos": segurança como responsabilidade de todos e educação como dever da família. Uau! Não vejo ninguém repetindo isso em prosa e verso.

Os que se dizem progressistas e mais preocupados com direitos humanos que os outros retrucam: 'mas a parte mais fraca precisa de defesa para ter pleno exercício de direitos'. Não estou dizendo o contrário, só estou lembrando que há deveres que nunca são lembrados e, se colocados sobre a mesa, facilmente serão rechaçados.

A insatisfação geral, ampla e irrestrita, não é uma coisa nova. Como alguém já disse, não se protesta de agora. Os movimentos sindicais, dos sem-teto, sem terra etc não surgiram em junho de 2013.

Agora, o plus é que o modismo do "vamos gritar" ganhou status de produto midiático de grande interesse. Se tem coquetel molotov, gás lacrimogêneo, mascarado correndo de polícia e cidadãos inocentes presos no trânsito ou em casa por causa da "falta de preparo dos polícias" e, não, pelo vandalismo praticado por dezenas de meliantes, logo, a notícia é "quente" e vai despertar o gosto pelo grotesco que por sua vez vai impulsionar audiência (para rádios e TVs) e venda (para jornais e revistas).

Como toda moda, uma hora a coisa é substituída. Resta saber pelo que.

Depreciação funcional

Uma coisa que sempre abominei na postura de algumas figuras que ocupam funções públicas em Campo Limpo e em outras cidades é a mania da futricagem. O mesmo é observável também no ambiente da iniciativa privada. Naquele funcionário novo que entrou na empresa e adora buscar a promoção do próprio nome com a depreciação de outrem. 

De acordo com o Priberam (dicionário online) futricar significa negociar com trapaças, chatinar, fazer intrigas, vender por baixo preço. Pois é. Na prática, o futriqueiro profissional fica à espreita de pessoas e não de ideias. Quer falar sobre picuinhas, não sobre as soluções a um problema. Via de regra, o futriqueiro reivindica para si o título de paladino da revolução institucional. Nada mais desprovido de verdade. Isso porque quando age, o faz motivado sempre pelo intento de calar, tolir, punir, expulsar, coagir a tantos quantos façam movimentos que sejam contrários à sua vontade repugnante e caprichos nojentos.

Mesmo assim, o futriqueiro se sente acima do bem e do mal. Sua agenda é pautada por escolhas de inteligência duvidosa, ligações sem fim, encontros intermináveis, batidas às portas alheias para 'reivindicar que as coisas andem certinhas'. O problema é que gente desta espécie sofre de catarata, astigmatismo e miopia. Melhor, na verdade, é gente cega, mas nem por isso muda. Bom seria que o fosse. Seríamos poupados de tantos impropérios ditos em prosa e verso.

O que definem como "coisa certa" é apenas aquilo que está sob o crivo de sua aprovação. Todo o restante não presta. Se foi um oponente quem propôs ou fez, está errado, tem maracutaia, fede ou outros predicados que gostam de adotar. Até parece que todas as ações do futriqueiro serviriam de modelo para qualquer pessoa decente. Quaquaráquaqua!

Enquanto estas ações putrefatas vão se alastrando nos mais diversos ambientes da esfera pública e privada da sociedade, os protagonistas da futricagem não conseguem perceber o quanto depreciam as próprias funções e, o pior, destroem a própria imagem.

 
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