Semear, regar e colher

Escrevendo aos cristãos da cidade de Corinto, o apóstolo Paulo disse o seguinte: "De modo que nem o que planta nem o que rega são alguma coisa, mas unicamente Deus, que efetua o crescimento". (1 Co 3:7 - NVI). Embora ele estivesse combatendo o partidarismo desenvolvido entre os coríntios acerca das preferências sobre Apolo, Pedro ou ele, seu raciocínio, sob minha perspectiva, cai como uma luva para líderes e gestores nos mais diversos setores da sociedade.

Faço, agora, uma aplicação específica no universo político. Hoje, 26 de agosto de 2013, os novos governos municipais completam 237 dias de ocupação do poder. Principalmente nos casos onde não houve continuidade, o discurso preferido de partidários de todas as legendas é dizer que quem saiu nada fez e, agora, 'tudo vai ser diferente'. Reivindicam para si uma capacidade que não têm e ainda querem negar tudo o que veio antes. 

Nenhuma cidade, Estado ou País, em qualquer momento de sua história, já disse ou poderá dizer algum dia "que não existe nada mais a ser feito". A sociedade é dinâmica, está sempre em movimento e mutação. O que era solução há 10 anos, não é mais exequível agora. Assim como as soluções de hoje, vão precisar de revisão daqui a algum tempo.

O fato é que nenhum gestor é a última bolacha do pacote. Nenhum político é a última cocada, a última massa da macarronada, o último queijo ou o último chimarrão. 

A gestão pública, como todo e qualquer trabalho, é passível de erros e acertos. Quem entrou deve, simplesmente, corrigir o que entende necessário e manter, melhorar ou ampliar o que é bom para a maioria. Nada no universo dos homens é unânime. Sempre haverá um percentual não satisfeito ou não contemplado com esta ou aquela ação, mas nisso está a democracia: o empenho para satisfação das necessidades da maioria, com cuidado para que as minorias não sejam vítimas de violação dos seus direitos.

Ao longo do tempo, todos os gestores vão, sim, colher frutos que não foram por eles semeados ou regados. Aliás, isso já ocorre em todas as cidades. O que se nota, porém, é um esforço concentrado em reivindicar para si o mérito ou jamais mencionar que outros prepararam o caminho. Esse é o tipo de ação que revela o quão pequenos de caráter são estes indivíduos.

O caráter do homem, determina o tamanho e impacto de suas ações. Quanto mais humilde, melhores, maiores e duradouros são os atos e efeitos deles. Quanto mais prepotente, as propostas são piores. No entanto, seus danos nem sempre são tão pequenos quanto seus autores. O estrago, via de regra, é longo, profundo e com recuperação dificílima para aqueles que os sucederem.

Concluo lembrando que se não planta e não rega, também não dá frutos, logo, o jeito é cortar e lançar fora.

 
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