Virada de página política


O tema central deste artigo era para ser ou o último de 2012 ou o primeiro de 2013. Mas no meio do caminho tinha muitas outras pedras que ensejaram a postergação desta postagem. Em função dos acontecimentos de Santa Maria-RS quase se tornaria o terceiro. Entretanto, como a tragédia tem cobertura exaustiva em todos os meios, registro apenas meu luto pelas vidas que perdemos e uno minha voz de protesto contra o jeitinho brasileiro que, no frigir dos ovos, será, de novo, culpado por mais estas mortes.

Meu cerne desta vez tem nome e lugar na linha do tempo da cidade. Trata-se do ex-prefeito Armando Hashimoto que exerceu dois mandatos entre 2005 e 2012. Não precisa susto, porque não estou com saudades.

No dia 1º de janeiro, após a transmissão de cargo, alguns selvagens com capa de cidadãos puxaram vaias ao ex-prefeito. Um ato inútil e tolo. Não concordar com as ações de uma pessoa e fazê-la saber de modo civilizado é um direito que assiste a qualquer um. Contudo, tentar impor condição vexatória escancara o raquitismo mental.
Bem pode ser que alguém dos seus leais informe sobre a publicação e digam com ar de indignação: ‘Leu o que aquele bobo escreveu?’. Pois é. Devo mesmo ser um bobo, mas um bobo que pode se expressar.

Ao falar especificamente sobre o ex-prefeito, faço-o tendo como know-how o fato de ter trabalhado nas suas duas gestões, além de contato anterior principalmente em campanhas eleitorais.
Por diversas vezes escrevi matérias nas quais o ex chefe do Executivo municipal argumentava que estava trabalhando nos quatro pilares da administração pública: educação, saúde, infraestrutura (já elogiada por opositores) e saneamento.
Em linhas gerais, sua defesa era que se essas áreas recebem os investimentos necessários, a Prefeitura não fica condicionada apenas às pautas determinadas pela agenda político-eleitoral.

Na história da cidade, foram encerrados os capítulos de suas gestões, mas não o livro em si. Ao longo do enredo, quer eu admita ou não, os resultados de algumas das suas decisões administrativas serão colhidas por outros gestores.
Um exemplo disso é o próprio Hospital de Clínicas que se tornou infâmia e triunfo, ao mesmo tempo. Agora, os apedeutas vivem para criticar, pejorativamente, às dimensões do hospital. Pelo jeito, têm saudades do ‘conforto e amplitude’ presentes no antigo N. S. Rosário.
Contudo, o hospital parece grande hoje que, segundo  o IBGE, a cidade tem 74 mil habitantes. Quando tiver 100, 110, 120 mil bem pode ser que alguém o achará pequeno.

Em linhas gerais, o ex-prefeito tomou decisões inadequadas sob o prisma político por comprometer sua popularidade (que já não tinha). Entretanto, os desajustes políticos foram pautados por fatores de gestão cujos méritos foram, são e serão negados pelos obtusos que invejam qualquer êxito de quem lhe é contrário.
Cito como exemplo a criação do programa de bolsas para a faculdade (garantido até 2017) e o auxílio-transporte para alunos de cursos técnicos e de nível superior fora da cidade que, felizmente, estão garantidos por força de lei.
Assim, os incentivos não ficam a mercê da benemerência política, mas são uma conquista do cidadão, independente de sua ideologia. Podem ser melhorados e ampliados, mas não extintos.

Muito embora Hashimoto tenha delineado uma linha de governança auspiciosa com vistas ao futuro, faltou-lhe clareza de que as pessoas, independente de suas atribuições, quer sejam garis ou empresários, preferem ser convidados a participar e, não, intimadas a cumprir a vontade deste ou daquele.
O ex-prefeito começou em 2005 no ‘achismo’ de que seria possível controlar 100% da cidade, leia-se Prefeitura. Passou a aferir a compra de um prego, mas desmotivou as pessoas a darem o melhor de si.
Mesmo no fim do seu mandato, deixou claro não ter aprendido a lição de que uma cidade não é uma máquina, mas um organismo vivo em constante mudança. Algumas de suas decisões tinham o cheiro, a forma e a consistência que somente a arrogância impõe.

Quando as insatisfações se faziam ser ouvidas, nunca admitiu, ao menos não publicamente, alguma parcela de culpa. Pelo contrário, aliou-se com gente de péssima índole para atribuir responsabilidade aos secretários, diretores e coordenadores. Os mesmos que eram por ele privados de qualquer autonomia.
Em 2006, diante de uma plateia no Teatro Municipal, afirmei que havia votado nele por causa da indicação de ninguém menos que Luiz Antonio Braz. Ocorre, porém, que se hoje o mesmo Braz o indicasse para síndico de condomínio, eu não o escolheria.

Implicância minha? Não. Apenas prudência para não delegar poder a quem não deixou evidente que não o soube usar. Embora tenha declarada rejeição ao comportamento do homem Armando, pelo bem da minha própria dignidade, não posso desmerecer as suas escolhas na gestão da cidade. Bem, a página virou, mas a história continua.

Editado para publicação na edição 887, do Jornal O Pêndulo de 1º a 7 de fevereiro de 2013.

Milagres acontecem! E nem precisa de fé

Com exatos 16 dias de governo, sendo apenas 12 deles dias úteis, o novo chefe do Executivo diz que está fazendo mais do que em 16 anos! Uau!!! 

O site afirma: "Dois veículos foram adquiridos após quatro gestões sem investimento na área". Verdade: "dois veículos"; Mentira: "quatro gestões sem investimento".

Compreendo perfeitamente a necessidade de "vender o próprio peixe". Contudo, fazê-lo com verdade é mais honroso. A entrega dos dois veículos pelo fornecedor só é possível porque a compra já estava "empenhada", isto é, todas as fases anteriores da execução da despesa quais sejam: autorizações, abertura de processo licitatório, ou justificativa para sua dispensa, procedimento, julgamento etc foram cumpridas. [Saiba mais sobre empenhos]

Isso ocorre porque o pregão para esta aquisição data de 26 de julho de 2012, conforme publicação no Diário Oficial do Estado de São Paulo, de 2 de agosto de 2012, caderno 1, página 207.

"CONTRATO 087/12 ? CONTRATANTE: Prefeitura Municipal de Campo Limpo Paulista ? CONTRATADA: MERCALF DIESEL LTDA ? ASSINATURA: 26-07-2012 ? Objeto: Fornecer dois caminhões basculante, zero quilômetro, destinados à Secretaria de Serviços Urbanos, conforme descritivos constantes do Anexo I do Edital; Valor: R$ 358.000,00; VIGÊNCIA: 26/09/12 ? MODALIDADE: Pregão Eletrônico 010/12." [vide link]




Sendo assim, todos os procedimentos necessários para a compra estavam em curso. Cabe salientar que um "toda e qualquer despesa só poderá ser efetuada mediante o prévio empenho até o limite das dotações orçamentárias de cada exercício financeiro", conforme esclarece a LiciJur, empresa prestadora de serviços na área de licitações e contratos públicos.
É público e notório os meus desafetos com o ex-prefeito Armando Hashimoto, entretanto, não tenho o direito de omitir o que ele conseguiu fazer ou adiantar para que fosse feito. Seria leviano de minha parte.

Quando ocorre a afirmação de que há quatro gestões sem investimentos no setor, aí é um descalabro. O que faço com a informação de que a prefeitura adquiriu um caminhão 3/4 diesel no valor de R$ 118.200,00 com o mesmo fornecedor, para a mesma Secretaria? Invenção minha? Não! Está no site da Transparência Municipal que o novo prefeito disse que "ia criar" (sic!).


Infelizmente, a lei da transparência entrou em vigor a partir de 2010 e, por isso, não tenho colo listar todas as outras compras nos mandatos dos ex-prefeitos Luiz Braz (1997 a 2004) e Armando Hashimoto (2005 - 2012). Também não o posso fazer do mandato do atual prefeito, José Roberto de Assis, que governou de 1993 a 1996. Bem, pelo menos desde 2010, não precisamos mais ficar à mercê do discurso político-eleitoreiro. Sobre o portal da Transparência, confira link da legislação [clique aqui].
 




CAMPO LIMPO: Secretaria de Educação abre inscrições para auxílio-transporte

Valor do benefício mensal é de R$ 100; exclusivo para egressos da rede pública

Até 31 de janeiro, os estudantes matriculados em cursos técnicos ou de nível superior fora de Campo Limpo Paulista podem se inscrever para receber auxílio-transporte durante o ano letivo de 2013.

A lei, que entrou em vigor a partir de 1º janeiro de 2010, prevê um total de 150 bolsas sendo 75 para estudantes de cursos técnicos de nível médio e 75 para universitários. Só podem receber o benefício os estudantes que tiverem renda familiar per capita de até dois salários mínimos e que tenha sido aluno da rede pública no município.

INSCRIÇÃO
Os interessados devem comparecer na Secretaria Municipal de Educação, localizada na rua Francisco Miguel, 251, de segunda a sexta-feira, das 8 às 12 horas ou das 13 às 16 horas.

DOCUMENTOS NECESSÁRIOS:
RG e CPF do estudante;
RG ou certidão de nascimento dos demais familiares residentes na casa;
Comprovante de renda familiar;
Comprovante de residência;
Certidão de conclusão do ensino médio;
Declaração do atual estabelecimento em que estuda.

Mais informações: 4039-8600.

Fonte: Prefeitura de Campo Limpo Paulista
Legislação: Lei nº 2015, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Lei nº 2018, de 2 de dezembro de 2009.

PT de Campo Limpo apoia Geada e vira alvo de ataque

Pela primeira vez na história, o Partido dos Trabalhadores (PT) de Campo Limpo Paulista interrompeu o ciclo de ignorância e, ao invés de votar sozinho para definir a presidência da Câmara de Vereadores, votou pela eleição do vereador Flávio Cardoso de Moraes, o Geada. 

O porta-voz do voto foi o vereador José Riberto da Silva. Por 6 a quatro, maioria absoluta, a definição da presidência marca um novo tempo no exercício do poder Legislativo.
Como não poderia deixar de ser, o lado vencido saiu atacando ao PT pela definição da mesa. Em argumentação falaciosa, chegam a acusar o atual presidente da legenda, Patrício Barreto, dizendo que ele teria definido o apoio a Geada em troca de cargo na Câmara.

Nada pior do que gente mentirosa, alienada e interesseira falando aos borbotões. Ao contrário do que afirmam os opositores, Barreto passa a desempenhar funções de assessor parlamentar do vereador Riberto e, não, como servidor da Casa de Leis.

A falta de pudores naquilo que chamam de manifestação de opinião promove ações que são, no mínimo, jocosas dada a boçalidade de argumentação. Primeiro, não entenderam ainda que o Geada foi eleito pelo PV que fez mais um vereador, o Jura.

Segundo, erram nas contas de que o PSDB fez apenas uma cadeira. Terceiro, ignoram que o ex-prefeito Armando Hashimoto nada fez para consolidar o nome de Geada como presidente. Ainda bem.

Numa expressão de espírito desequilibrado, colocam-se a atacar ao PT e seus membros. Mantenho minha resistência à legenda, especialmente pelo seu histórico no governo federal. Entretanto, houve no episódio não um "escândalo" ou "bomba" como querem definir alguns apedeutas. O que ocorreu foi, sim, a vitória da honra.

A mesa, desta vez, foi composta sem conchavos, sem lavagem de mãos, sem envelopinhos secretos, sem negociatas. Nem mesmo o vereador Jorge Mello considerava sua inclusão como segundo secretário. Justo ele que foi jogado na fogueira em lugar de Rogério Borges (PPL) quando esse percebeu que o plano para chegar à presidência da Câmara não seria consolidado.

Por que ninguém cita que o vereador Riberto deixou de votar nele mesmo para vice-presidente da casa e votou em favor do vereador José Carlos da Rosa, o Rosinha do ônibus, que é do PSDC?

Continuo rejeitando ao PT e suas pseudo-ideologias, entretanto, as pessoas não são o partido. Logo, o Riberto terá as pautas partidárias a defender ao longo dos seus quatro anos de mandato. O que ele fez, neste momento, foi votar pela consciência, com honestidade para assegurar a independência do Legislativo.

O prefeito eleito bradou em alto e bom som no discurso de posse que "não tem rabo preso" com nenhum político. Que bom. Também a diretoria eleita não tem rabo preso com o prefeito. Isso é a garantia da independência, harmonia e transparência entre os poderes. A isso chamamos democracia.

O que os derrotados na disputa pelo comando da Câmara vendem como inadmissível -a aliança entre PT e partidos de direita- parece ser "novidade", entretanto é tão velho quanto a roda. O que se dirá da aliança do PT com o PMDB? Normal? Graças a ela foi possível o projeto de poder do petismo.

Sem Michel Temer como vice de Dilma, o Lulinha "paiz-e-amor" não teria feito sua sucessora. Uma vez no trono, a "rainha" quis demarcar território, colocar Themer no "seu lugar". Sem dificuldade, o PMDB articulou uma campanha contrária e a guarda da toda-poderosa baixou. Uma coisa é boa: o PMDB de Campo Limpo, ao menos por hora, está num honroso lugar: fora da Câmara. No máximo, vai ficar pleiteando espaço no Executivo.

Ainda sobre alianças entre petistas e afins, as últimas pesquisas apontam que, cada vez mais, o eleitor brasileiro define seu voto por critérios "personalistas", ou seja, escolhe pessoas, não partidos. Meu anti-petismo se mantém, entretanto, o vereador Riberto deu voz a um plano para assegurar a independência entre os poderes sem, contudo, perder a harmonia. A balbúrdia provocada em torno do tema é coisa de desinformado e de gente que quer provocar tumulto.

Um clipping básico para ajudar os mais incaultos
1) PT e PSDB são parceiros nas eleições em 54 cidades de SPNa região de Ribeirão, tucanos e petistas estão unidos em 11 municípios

2) Inimigos nacionais, PT e PSDB estão juntos em 50 cidades de Minas Gerais

3) Candidatos únicos em 113 cidades aliam até PT e PSDB

Vitória da honra


Pelo que afirmam as boas e as más línguas, a eleição do vereador Flávio Cardoso de Moares (PV), o popular Geada, como presidente da Câmara de Vereadores de Campo Limpo Paulista é um exemplo de que uma palavra honrada ainda vale mais do que qualquer negociata.

A eleição que era para ser realizada poucos minutos após a solenidade de posse, foi iniciada com um sensível atraso. A assistência, impaciente, reivindicou o início da votação aos brados de "Começa! Começa!". O motivo do atraso? Houve quem dissesse que o prefeito empossado, José Roberto de Assis (PR), solicitou o feito. Não sei se o fez, mas se é assim, fiquei confuso sobre qual poder, de fato, quer exercer se o executivo ou legislativo.

De qualquer forma, depois de protestos dos presentes, o vereador Rogério Borges (PPL), que conduziu a cerimônia de posse por ter sido o vereador com maior número de votos (1.523), o vereador Adalberto Joventino da Silva -Betinho- (PSDC), indicado por Borges, e a vereadora Maria do Espírito Santo Paranhos (DEM), assessorados pelo jurídico da casa, iniciaram a sessão para eleger os integrantes da mesa.

Além de Geada, que preside a casa pelo biênio 2013/2014, compõem a mesa diretora os seguintes vereadores: como vice-presidente, o estreante José Carlos da Rosa (PSDC), mais conhecido como Rosinha do ônibus; primeiro secretário, Antonio Fiaz Carvalho (PP), mais conhecido como Tonico e, como segundo secretário, Jorge Mello (PR). 

Em seu breve pronunciamento, o novo presidente, agradeceu à família, aos eleitores e aos vereadores que lhe confiaram a função na Casa. Geada também destacou que os seus pares apresentaram votos "conscientes, de amigos e, com isso, provam que vieram para mudar"

Ainda no turbulento período de indicação dos nomes para a nova mesa diretora, Geada já usufruía de uma predileção popular. Contudo, antigos caciques da política local queriam interferir no resultado. Felizmente, as negociações podres não foram capazes de consolidar o plano de super-mega apaniguamento que estava em curso. 

Agora, sim, a nova mesa torna concreto o processo de mudança da postura legislativa tão almejada pela população. O novo presidente e seus pares já deixaram claro que não estão motivados a trabalhar pela perseguição ao Executivo. As rivalidades eleitorais estão abaixo da superioridade dos interesses da população. Afinal, enquanto legisladores eles são eleitos para canalizar as expectativas do eleitor e não concretizar os caprichos do executivo como ocorreu ao longo dos últimos oito anos.

12ª legislatura (2013 - 2016)
Mesa para o biênio 2013/2014
Presidente: Flávio Cardoso de Moraes (PV) 
Vice-presidente: José Carlos da Rosa (PSDC)
1º secretário: Antonio Fiaz Carvalho (PP)
2º secretário: Jorge Mello (PR)

Adalberto Joventino da Silva (PSDC)
José Riberto da Silva (PT)
Jurandi Caçula (PV)
Leandro Bizetto (PSDB)
Maria Paranhos (DEM)
Rogério Borges (PPL)

E ele voltou


"Vamos cumprir, rigorosamente, o nosso plano de governo. Disso eu não tenho dúvida". Foi isso que afirmou o recém-empossado prefeito de Campo Limpo Paulista, José Roberto de Assis (PR). A despeito do tom de palanque eleitoral que se estabeleceu na solenidade, fiz questão de tomar nota das promessas reiteradas. 



Analisando as palavras do próprio prefeito, quando ele diz que o plano de governo vai ser cumprido "rigorosamente", quer dizer que vai usar de rigidez, inflexibilidade, força, severidade extrema, exatidão para cumprir os objetivos. Ótimo. Isso é o que se almeja. Entre os tópicos citados destaco: 

1) aplicação de 60% de recursos do Fundeb na remuneração de professores; 
2) Funcionamento das UBS's da 7h às 17h; 
3) Publicação de edital para contratação de médicos com salários de R$ 5 mil; 
4) Dar sequência ao Minha Casa Minha Vida iniciado na gestão do ex-prefeito Armando Hashimoto.


Como ele não inclui na pauta do discurso a redução da tarifa de transporte municipal para R$ 1,90, quero acreditar que isso está implícito no cumprir "rigorosamente" o plano de governo. Só me preocupo que este tópico em especial não está no plano que foi incluso no documento apresentado à Justiça Eleitoral no ato de registro da candidatura. Foi uma promessa solta na reta final da campanha por panfleto eleitoral.



EXPRESSÕES ELEITOREIRAS

O novo prefeito, ao que parece, não sabe dissociar o palanque eleitoral da tribuna de uma solenidade de posse. No meio do discurso bradou: "Não tenho rabo preso com político nenhum. Não tenho rabo preso com empresário nenhum. Tenho rabo preso com o povo de Campo Limpo Paulista". Rabo preso não é um termo tão adequado para momento tão sublime. Mas, fazer o quê? Mesmo quem não usa o ouvido como pinico teve de ouvir. Melhor do que ser surdo. 


CRIAR O QUE JÁ EXISTE

O novo prefeito de Campo Limpo disse isso após ter anunciado que vai "criar o portal da transparência". Bem. Quero acreditar que o prefeito usou o verbo "criar" equivocadamente ou como substituto para ampliar, melhorar ou coisa que o valha. Pois o tal portal já existe. Endereço: http://transparencia.campolimpopaulista.sp.gov.br/. O mesmo entrou no ar em cumprimento à lei complementer 131 de 2009. < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp131.htm>. No caso de Campo Limpo Paulista, município que ficou no grupo entre 50 e 100 mil habitantes, o portal da transparência entrou no ar a partir de 2011.


Por este site, é possível, por exemplo, saber que para o exercício de 2012, a cidade tinha a previsão de arrecadar R$ 152.019.414,40, mas fechou o ano com R$ 144.087.087,16. O mesmo portal aponta que como despesa, a prefeitura fechou o ano com o total de R$ 126.057.081,37. 

Pelo portal da transparência, que já existe, é possível aferir que a folha de pagamento consumiu R$ 47.418.478,81, o INSS, por sua vez, levou R$ 9.184.738,83, a Associação Social Humanitas ASH (que administra o hospital municipal) recebeu R$ 6.736.040,08.



Os interessados vão descobrir, também, que manter 53 campo-limpenses com bolsas integrais na faculdade exigiu da Prefeitura o investimento de R$ 591.092,10. Isso, sem contar os outros 25 que já concluíram seus cursos. Uso o verbo investir, porque isso não pode ser considerado uma despesa. Pois bem. Há muito mais a ser "descoberto" no portal da transparência que não precisa ser criado, basta ser consultado. Portanto, discurso demagógico de posse não dá, né? Se duvida, consulte a fonte.



MELHORAR O QUE TEM É MAIS FÁCIL QUE CONSTRUIR

O novo prefeito também falou, pomposamente, que vai atuar para diminuir a busca de atendimento no Hospital de Clínicas (HC). O modo como vai fazer isso? Contratação de médicos com melhores salários (R$ 5 mil é a proposta - Uau!). Os mesmos deverão atender aos postos de saúde. Legal. Proposta interessante. Só não sei se é exequível. 


Engraçado que ele terminou o 2º mandato em 1995 sem ter conseguido iniciar o atendimento hospital no Nossa Senhora do Rosário. Passou a unidade para seu sucessor, Luiz Antonio Braz, apenas um Pronto Atendimento 24 horas. Inclusive, Braz se tornou o seu indicado para a sucessão em função de, como diretor de Saúde, ter conseguido abrir o PA. 



Após 16 anos longe do poder, promete voltar para construir o País de Alice. Tudo vai ser tão perfeito que nem Dinamarca, Finlândia, Austrália terão patamares de desenvolvimento humano tão elevados (sic!)

Bem, pelo menos, agora, tem um hospital para gerir e postos de saúde para colocar os clínicos gerais, pediatras e ginecologistas que prometeu contratar. Quando saiu, nem o São José, tinha uma UBS que foi inaugurada em 1997.


O MELHOR PARA A CIDADE

Reitero que vou acompanhar bem de perto o cumprimento, ou não, de tudo. Não vou poupar esforços para aplaudir e reconhecer, publicamente, o que merecer. Mas, não vou fazer nenhum esforço para amenizar o peso da pena quando entender que posso e devo. Ao invés de usar o termo chulo do novo prefeito: 'rabo preso', vou correr a pena conforme meus valores pela "liberdade de expressão" essa, não tem preço.

Página virada


O Armando deixa o poder executivo e, no meu caso, não fica nenhuma saudade. Nunca estive em sua lista de prediletos porque nunca fui de me curvar. Não sei bajular. Não gosto de 'babação'. Infelizmente, o Armando prefere um hipócrita que lhe sorri, a um autêntico que lhe aponta o dedo. 

Entretanto, devo deixar registrado alguns pontos importantes. Graças à sua política de bolsas de estudo para o ensino superior, fiquei motivado a começar minha primeira faculdade. No final de 2007, pedi aumento para poder pagar integralmente meu curso ou, então, que ele pleiteasse uma bolsa adicional para mim junto ao diretor da faculdade. No frigir do ovos, a minha matrícula paguei sem benefício. 

Tudo bem. O primeiro semestre correu tranquilo. O segundo, só consegui pagar porque era ano eleitoral e recebi um extra que foi a conta para pagar as mensalidades. Mas, para o segundo ano, tive que me virar nos 30. Meu coordenador, Paulo Genestreti, me propôs ser monitor do curso. Dessa forma, eu teria que estar na faculdade todo sábado das 8h30 às 11h30 para aferir a presença dos alunos que tinham problema de frequência em semestres anteriores e/ou aplicar alguma prova ou trabalho. Ao menos pude terminar o meu curso sem depender de favores. 

Apesar de não ter desenvolvido nenhuma afinidade com o ex-prefeito, tenho clareza para separar o homem do gestor. Do homem nada tenho a exaltar. Do gestor, acredito que há, sim, lutas capitaneadas por ele que terão impactos sociais de médio e longo prazos. Isso, claro, se quem o suceder agora, e nos próximos anos, não fizer a sandice de destruir. 

Quando eram pedra, atiraram o quanto puderam no novo hospital municipal dizendo que 'só tem buniteza'. O fato é que, agora, têm um hospital e não uma casa de campo adaptada, esticada, ampliada e superada como era o Nossa Senhora do Rosário. O prédio está preparado para atender uma demanda municipal e passados mais 50 anos, a obra estará lá, para as futuras gerações.

As intervenções nas áreas de infraestrutura e saneamento também terão seus efeitos sentidos a longo prazo. A malha viária do município precisa sim, de melhorias, contudo, Zé Roberto retorna ao poder, tendo um elevado percentual da mancha urbana com drenagem e alguma pavimentação. Quando deixou o poder em 1995, a realidade era bem diferente.

Na área de Educação, o único programa que não vejo como ser 'boicotado' é de bolsas na faculdade, uma vez que dos 78 já beneficiados (25 destes formados) um percentual deles, sem dúvida, vai contribuir com avanços sociais em todas as áreas nas quais se especializaram. Além disso, por meio de lei, o convênio já foi renovado até 2017. Ufa!

Também a instalação da Escola Técnica do Centro Paula Souza, em Botujuru, tem seus efeitos de médio e longo prazos na formação de mão de obra qualificada para diversos setores produtivos. 

Pode passar despercebido, mas até a freada no avanço das especulações imobiliárias serão melhor compreendidas a longo prazo. Isso, se não houver um aniquilamento dessa política com a condescendência a novas invasões ou abertura de novos loteamentos sem as exigências de infraestrutura, como foi o caso do loteamento atrás do Jardim Europa, cujo loteador já entregou uma creche no final da rua Alemanha, antes mesmo de ter começado a liberar as construções.

Megalomania



Não sei se foi idealizado pelo novo prefeito ou não, mas a fixação de banners nas escadas que dão acesso à Câmara exaltando a sua figura foi, no mínimo, desnecessária para não dizer, deselegante. O momento já não é mais de discurso, publicidade eleitoral. Já foi eleito. A manhã era para posse. 

Qualquer ameaça ao não retorno era passível apenas antes da diplomação realizada no dia 19 de dezembro de 2012. Dois dos banners afirmavam ser ele uma "lenda", um "mito".  Ah! Menos, por favor. O retorno de José Roberto de Assis ao poder executivo, deve-se única e exclusivamente ao oportunismo de algumas pessoas que, agora, já nem estão tão felizes pelos conchavos definidos. 

QUE FICO CLARO: ZÉ ROBERTO NÃO VENCEU O DR. LUIZ, O PSDB PERDEU PARA O ARMANDO HASHIMOTO. Conversei com 50 do 80 candidatos que integraram a coligação do PSDB e todos relatavam a resistência que sofriam quando diziam estar no "partido do japonês". Taxista, pedreiro, vendedor, segurança, motorista enfim, todos os candidatos ouviam conversa de comadres que diziam: 'Não voto neste japonês'. Alguns conseguiram reverter voto quando dizia que o candidato era o dr. Luiz, mas isso não foi uma unanimidade. Prova é que a coligação do PSDB fez mais de 19 mil votos! Claro que isso deve-se ao peixe nosso de todos os dias: 'traíra'. Mas isso é assunto para outro post.

Os aperreados sabiam da impopularidade do Armando e sentiam na pele a força do carisma do Luiz. Tanto que passaram mais da metade do tempo de campanha sem distribuir nenhum panfleto, jornal ou coisa que o valha. Usaram apenas um jornal eleitoreiro que foi criado 1,5 ano para atacar um e promover o outro, e aglutinar ao máximo possível a imagem do Armando à do Luiz. Nenhum ressentimento. Até gosto da delimitação clara de papeis. Só não suporto dissimulação e mentira.

O Armando infligiu essa derrota ao PSDB como resultado da soberba que ele alimentou ao longo dos dois mandatos. Infelizmente, o susto da reeleição quando o moribundo Zé Roberto deixou um diferença de 1406 votos, não serviu para ensinar a Hashimoto o caminho da humildade. O ex-editor do Jornal de Jundiaí, Sidney Mazzoni que faleceu em julho do ano passado, escreveu à época que, provavelmente, o Armando nunca mais entraria de salto alto em uma eleição. Ele errou.

Ao longo dos anos, a falta de carisma, a apatia, a forma rudimentar como o Armando foi tratando pessoas aqui e acolá abriram o trilho para que Zé Roberto ou qualquer outro populista chegasse ao poder executivo. Tenho a mais absoluta certeza que se o PT tivesse nome mais expressivo, como o fora Neive Noguero nos pleitos de 2000 e 2004, o tal 'mito', a tal 'lenda', teria ficado no Limbo.

O Armando terminou o mandato no 'achismo' que ele podia controlar 100% da cidade. Evidência disso é que na sua gestão os gestores ficaram estagnados. Porque não sabiam fazer? Não! Porque ele queria controlar tudo full time. Literalmente tudo. Da apostila ao prego. Do papel toalha à água. Dessa forma, inibiu, limitou pessoas. A colheita desse tipo de semeadura não demora voltar.

Quem desenvolveu alguma proximidade com o Armando até diz: 'Gosto dele como pessoa, mas não como prefeito...' Em algum momento de sua formação como indivíduo e como profissional, o ex-prefeito deve ter sido ensinado que se ele fizesse as coisas para as pessoas, o reconhecimento, a ovação, a gratidão sempiterna seriam automáticas. Ele se ocupou muito de coisas para as pessoas, mas negligenciou as pessoas atrás das coisas.

Seu ego sempre foi massageado pelo habilidade que tem de falar sobre diversos assuntos: de macroeconomia nacional a conflitos entre imigrantes franceses. Só esqueceu de aprimorar-se na percepção das necessidades da alma do próprio povo que governou. Construiu escolas? Sim, mas negligenciou seus ocupantes. Lutou pela melhoria do abastecimento de água? Muito, e conseguiu. Só não se importou em aprofundar a relação com quem passou a ter a torneira sempre em uso.

Essa soma de coisas culminou com o desejo das pessoas de "punirem" ao Luiz por terem indicado o Armando para a primeira eleição e ainda por ter decido a reeleição praticamente nas últimas "horas", em 2008. Talvez o tempo, um longo tempo inclusive, mostre os efeitos das medidas assertivas que ele tomou. 

Zé Roberto voltou ao poder explorando o calcanhar de Aquiles daquele que nem era seu adversário: a impopularidade. Apesar de seus discursos sempre inflamados, está longe de ser a unanimidade que imaginava. Aliás, a cantilena de seus apaniguados é que conseguiram 36,78% dos votos. Só que, em 4 anos, de 2008 até 2012 eles aumentaram apenas 421 votos. Pouco para quem batia nos peitos que os adversários não iam servir nem para o cheiro.

Quem tem mais tempo de cidade, tem melhor memória e não precisa dissimular discurso revela que, considerando que Zé Roberto está às vésperas de completar 70 anos, quem sabe a terceira idade tenha melhorado sua visão de mundo e das pessoas porque, segundo contam, nos dois primeiros mandatos 'só fez besteira'. Como eleitor, cidadão e como formador de opinião, desejo que a melhora seja verdade. Se não for, logo saberemos.

 
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