Megalomania



Não sei se foi idealizado pelo novo prefeito ou não, mas a fixação de banners nas escadas que dão acesso à Câmara exaltando a sua figura foi, no mínimo, desnecessária para não dizer, deselegante. O momento já não é mais de discurso, publicidade eleitoral. Já foi eleito. A manhã era para posse. 

Qualquer ameaça ao não retorno era passível apenas antes da diplomação realizada no dia 19 de dezembro de 2012. Dois dos banners afirmavam ser ele uma "lenda", um "mito".  Ah! Menos, por favor. O retorno de José Roberto de Assis ao poder executivo, deve-se única e exclusivamente ao oportunismo de algumas pessoas que, agora, já nem estão tão felizes pelos conchavos definidos. 

QUE FICO CLARO: ZÉ ROBERTO NÃO VENCEU O DR. LUIZ, O PSDB PERDEU PARA O ARMANDO HASHIMOTO. Conversei com 50 do 80 candidatos que integraram a coligação do PSDB e todos relatavam a resistência que sofriam quando diziam estar no "partido do japonês". Taxista, pedreiro, vendedor, segurança, motorista enfim, todos os candidatos ouviam conversa de comadres que diziam: 'Não voto neste japonês'. Alguns conseguiram reverter voto quando dizia que o candidato era o dr. Luiz, mas isso não foi uma unanimidade. Prova é que a coligação do PSDB fez mais de 19 mil votos! Claro que isso deve-se ao peixe nosso de todos os dias: 'traíra'. Mas isso é assunto para outro post.

Os aperreados sabiam da impopularidade do Armando e sentiam na pele a força do carisma do Luiz. Tanto que passaram mais da metade do tempo de campanha sem distribuir nenhum panfleto, jornal ou coisa que o valha. Usaram apenas um jornal eleitoreiro que foi criado 1,5 ano para atacar um e promover o outro, e aglutinar ao máximo possível a imagem do Armando à do Luiz. Nenhum ressentimento. Até gosto da delimitação clara de papeis. Só não suporto dissimulação e mentira.

O Armando infligiu essa derrota ao PSDB como resultado da soberba que ele alimentou ao longo dos dois mandatos. Infelizmente, o susto da reeleição quando o moribundo Zé Roberto deixou um diferença de 1406 votos, não serviu para ensinar a Hashimoto o caminho da humildade. O ex-editor do Jornal de Jundiaí, Sidney Mazzoni que faleceu em julho do ano passado, escreveu à época que, provavelmente, o Armando nunca mais entraria de salto alto em uma eleição. Ele errou.

Ao longo dos anos, a falta de carisma, a apatia, a forma rudimentar como o Armando foi tratando pessoas aqui e acolá abriram o trilho para que Zé Roberto ou qualquer outro populista chegasse ao poder executivo. Tenho a mais absoluta certeza que se o PT tivesse nome mais expressivo, como o fora Neive Noguero nos pleitos de 2000 e 2004, o tal 'mito', a tal 'lenda', teria ficado no Limbo.

O Armando terminou o mandato no 'achismo' que ele podia controlar 100% da cidade. Evidência disso é que na sua gestão os gestores ficaram estagnados. Porque não sabiam fazer? Não! Porque ele queria controlar tudo full time. Literalmente tudo. Da apostila ao prego. Do papel toalha à água. Dessa forma, inibiu, limitou pessoas. A colheita desse tipo de semeadura não demora voltar.

Quem desenvolveu alguma proximidade com o Armando até diz: 'Gosto dele como pessoa, mas não como prefeito...' Em algum momento de sua formação como indivíduo e como profissional, o ex-prefeito deve ter sido ensinado que se ele fizesse as coisas para as pessoas, o reconhecimento, a ovação, a gratidão sempiterna seriam automáticas. Ele se ocupou muito de coisas para as pessoas, mas negligenciou as pessoas atrás das coisas.

Seu ego sempre foi massageado pelo habilidade que tem de falar sobre diversos assuntos: de macroeconomia nacional a conflitos entre imigrantes franceses. Só esqueceu de aprimorar-se na percepção das necessidades da alma do próprio povo que governou. Construiu escolas? Sim, mas negligenciou seus ocupantes. Lutou pela melhoria do abastecimento de água? Muito, e conseguiu. Só não se importou em aprofundar a relação com quem passou a ter a torneira sempre em uso.

Essa soma de coisas culminou com o desejo das pessoas de "punirem" ao Luiz por terem indicado o Armando para a primeira eleição e ainda por ter decido a reeleição praticamente nas últimas "horas", em 2008. Talvez o tempo, um longo tempo inclusive, mostre os efeitos das medidas assertivas que ele tomou. 

Zé Roberto voltou ao poder explorando o calcanhar de Aquiles daquele que nem era seu adversário: a impopularidade. Apesar de seus discursos sempre inflamados, está longe de ser a unanimidade que imaginava. Aliás, a cantilena de seus apaniguados é que conseguiram 36,78% dos votos. Só que, em 4 anos, de 2008 até 2012 eles aumentaram apenas 421 votos. Pouco para quem batia nos peitos que os adversários não iam servir nem para o cheiro.

Quem tem mais tempo de cidade, tem melhor memória e não precisa dissimular discurso revela que, considerando que Zé Roberto está às vésperas de completar 70 anos, quem sabe a terceira idade tenha melhorado sua visão de mundo e das pessoas porque, segundo contam, nos dois primeiros mandatos 'só fez besteira'. Como eleitor, cidadão e como formador de opinião, desejo que a melhora seja verdade. Se não for, logo saberemos.

 
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