AS MANIFESTAÇÕES DE SOLIDARIEDADE NÃO POLITIZAM NEM DESPOLITIZAM

As redes sociais se tornaram um grande palco. Se vê de tudo. Se lê de tudo. Quando tragédias acontecem, as pessoas se manifestam em apoio, sátira, solidariedade, enfim, expressam seus sentimentos, opiniões. Umas leituras são claras, bem equilibradas. Outras são "fora da casinha". Mas, enfim, a liberdade de expressão é um direito que a todos assiste.

Após algumas horas em que o mundo está perplexo com Paris, no Brasil as pessoas também se engajaram nos pedidos de oração pelos franceses. Outros, fizeram comentários pejorativos condenando a solidariedade com a tragédia parisiense. Isso me motivou a me expressar também.

O fato das pessoas terem mais ou menos empatia com os resultados de uma tragédia não as torna melhor, nem piores, apenas deixa evidentes que, felizmente, somos diferentes. Cada um tem uma visão, uma leitura, um aprendizado. Considero válido tanto a solidariedade aos mineiros, quanto aos antipáticos franceses.

Ressalte-se, porém, que a tragédia de Mariana tem impacto local com as perdas de vidas humanas, para mim o mais relevantes. Quanto ao pampeiro que vão fazer (estão fazendo) por causa dos danos ambientais, a natureza é melhor, mais forte e se recupera em tempo muito mais célere do que a alma humana.

Esta mesma alma que, em escala global, se vê ameaçada por um grupelho de gente que se rotula religiosa, agindo em nome de um deus sem misericórdia e de um profeta que eles cultuam mais do que a própria divindade que dizem adorar.

A tragédia da sexta-feira, 13, foi sim em Paris, com seus cidadãos tão propaladamente antipáticos, frios, xenófobos, ateus e outros tantos rótulos negativos. Entretanto, seus efeitos estarão muito além de Paris, sua duração vai além de algumas horas ou interesses da imprensa abutre ou da opinião pública que adora o grotesco.

É uma tragédia que abre caminho para recrudescer ainda mais todo sentimento a imigrantes. Os ataques não tinham apenas aqueles locais e pessoas na mira. Seus mentores têm o mundo no foco. Querem a hegemonia de sua visão política-religiosa.

Os tiros, o sangue, as bombas tiveram ponto geográfico cuidadosamente planejados, mas os efeitos e danos serão mais longevos do que possamos conceber neste calor dos acontecimentos.

Isso posto, respeito a todos que se manifestam solidários à tragédia de Mariana, de Paris, do Camboja, da Síria ou seja lá que lugar do mundo.

Paz e bem. Porque a guerra vem aí.

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