COTA PARA FILHOS E NETOS APROVEITADORES

Em maio de 2015, foi aprovada cota para idoso em programas habitacionais. Ok. Bonito. Socialmente necessário. Agora, o que vai ter de filho, neto, bisneto, gente safada, aproveitadora inscrevendo idosos de 70, 80 anos, torcendo para que o mesmo se vá o mais depressa possível, não está escrito em nenhum gibi.

Em uma sociedade que, há décadas, vem sendo doutrinada a depender do Estado para comer, beber, vestir e morar, pouco se produz, muito se espera e cada vez menos se tem.

Os recursos financeiros que o Brasil mal e porcamente conseguiu gerar ao longo de décadas, é fruto de muito suor e lágrima justamente dos idosos. Que levantavam muito mais cedo do que a atual geração. Que andavam em transportes públicos em condições muito mais precárias que as atuais. Que deram à luz com a parteira da fazenda ao lado, dentro de casa ou no mato. Que só bebeu água filtrada por um tecido e armazenada no filtro de barro. Que tinha o dia de ver o médico, como um grande evento social.

No entanto, conseguiram cuidar de suas famílias. Podem não ter dado vida de lord, roupa de mauricinho e patricinha a ninguém, mas não engrossaram as fileiras dos marginais. Não estavam atrás das grades aos 18, 19, 25, 30 anos. 

Agora, com a pele marcada pelo tempo, com o corpo desgastado pela gravidade que insiste em puxar para baixo, estão livres. E, para desgosto de muitos, indo visitar filhos e netos atrás das grades. Os mesmos filhos e netos que, a esta altura do ciclo da vida, deveriam estar cuidando deles. Levando-os para viajar ou bancando suas aventuras.

Muitos, infelizmente, erraram a mão na hora de dizer que não gostariam que as gerações seguintes sofressem o tanto que ele sofreu. É humano. Coerente com a vontade de minimizar a dor de quem vem depois. Contudo, isso está sendo muito mal aproveitado. Estamos sendo engolidos por uma geração de vagabundos que exige tudo de todos e não oferece nada a ninguém. 

A esmagadora maioria de idosos é analfabeta funcional. Ou seja, assinam mal e porcamente o nome. Alguns conseguem discernir palavras ao soletrar, montar as sílabas e, enfim, com muito sacrifício conseguir falar a palavra. Outros, não se perdem nas viagens de coletivo, porque memorizaram números das linhas de ônibus. E há os que recorrem a marcar a cara do motorista ou mesmo perguntar aos demais passageiros: 'que ônibus é esse?'.

Hoje, uma geração que já nasce conectada, não consegue ler sem gaguejar nem mesmo as manchetes dos jornais. O texto da matéria, então, nem faço menção.

No caso dos idosos alfabetizados, com carreira acadêmica acima da média, mesmo com visão turva, ainda são melhores leitores do que a gangue que está sendo "educada" por redes sociais e definindo um novo dialeto: facebukês. Nesta codificação criam coisas como: 'issu, imventa, nossao, enxame (exame), precizano, enteresso'.

O que vai ser de nós? Não sei. Neste momento, o que posso fazer é protestar. Ao menos enquanto tenho forças. Afinal, em algum momento, se a morte não me visitar antes, ficarei idoso, com mãos trêmulas, voz baixa, pés lentos, alcance da visão reduzido. Até lá, no entanto, tenho muito o que andar e, por conseguinte, muito pelo que lutar. 

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