Manifestação em Campo Limpo: algumas considerações


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Nesta terça-feira, 18 de fevereiro de 2014, alguns membros da sociedade campo-limpense reuniram-se para um ato que pode se tornar um marco. Considerando o total de pessoas que ocupou o plenário da Câmara de Vereadores após a aglomeração em frente ao Paço, os manifestantes não superaram a casa dos 100. Posso assegurar isso, por que o auditório conta com 112 poltronas que não foram totalmente ocupadas. 


A quantidade de pessoas, no entanto, no meu entender, é menos relevante do que as lições que se podem tirar deste movimento. 

A aglomeração começou tímida. Muitos membros do Debate publicaram que gostariam de estar presentes, mas por estarem distantes a trabalho ou a caminho da faculdade etc não podiam. 
Uma mãe me abordou via chat do Facebook e perguntou se poderia ir com crianças. Como não sabia a que proporção a aglomeração poderia chegar, sugeri que não o fizesse. Ela ia aguardar a filha mais velha chegar para poder prestigiar. De qualquer forma, ela acompanhou do jeito que pode pelo Facebook.

Ibope
Acompanhei o que pude da sacada da Prefeitura. Infelizmente, uma mente não muito inteligente que prefiro omitir o nome para evitar retaliações à pessoa determinou pelo fechamento do acesso de modo que a imprensa que já estava no local não podia capturar o ângulo que para filmagem e fotografia era o melhor.
Antes de determinar o fechamento, a mesma mente brilhante disse para alguns apaniguados do Executivo que estavam observando que não deviam ficar ali para "não dar ibope".

Desocupados
Outro apaniguado de marquinha registrada, obviamente, resolveu dizer que quem estava ali precisava procurar o que fazer. Essa retaliação é típica de quem está do lado dos favorecidos pelas arbitrariedades. Se está tudo bem para o bolso dele, não importa a coletividade. Infelizmente, esse tipo de gente chucra tem em generosa quantidade.

Portas fechadas, não
Quando o grupo de manifestantes optou por entrar no prédio para ocupar o auditório da Câmara, houve uma resistência inicial. Absolutamente desnecessária. Como se tratava de um grupo grande que estava sob palavras de ordem, bastava um pedido para que todos entrassem ordeiramente. Por fim, mediante uma ordem que foi cumprida por uma questão hierárquica, foi formado um corredor polonês para que o público subisse para o segundo piso.

Livre-espontânea-pressão
Cabe salientar que os GM's que compareceram o fizeram em função de uma "convocação". Eles, inclusive, discordaram da determinação de formação do corredor polonês. Contudo, cumprindo com a função hierárquica acataram. Ressalte-se, porém, que a motivação dos mesmos nunca foi, sob nenhuma circunstância, ferir o direito de protesto da população. O aparato que eles usaram pode até assustar, mas não portavam nada por intimidação.

Tumulto
No momento mais tenso da sessão, quando o presidente, depois de sucessivas orientações para que os manifestantes não atrapalhassem o curso da mesma, entendo que faltou um pouco de postura por parte de alguns manifestantes. 

Recrimino, inclusive, algumas pessoas que já não são mais adolescentes, que deixaram evidente não ter a habilidade de ouvir. Exalto, porém, o comportamento de outros mais jovens (alguns adolescentes ainda) que demostraram-se muito mais dispostos a participar e manter o seu protesto de forma contundente, porém pacífica.

Reivindicações
No frigir dos ovos, como disse na introdução, entendo que há lições importantes a se assimilar. Lições essas que ainda precisarão ser repetidas sucessivas vezes, para milhares de pessoas. Uma coisa que senti falta, Edilson Timóteo, foi a elaboração de uma pauta. Ou seja, cheguei a pensar que os articuladores do evento estariam editando uma carta aberta que seria entregue com a assinatura de todos os presentes ou de outros interessados com as reivindicações em cheque.

Sugiro isso, porque uma das principais reivindicações em cheque é a saída do prefeito. O bordão "Ô Zé Roberto, cadê você, eu vim aqui só pra te ver" não foi ouvido por ele que já havia saído do Paço muito antes do horário marcado para o início da reunião. Como a ausência dele era certa, por precaução ou fuga, prefiro não rotular agora, a entrega formal de um documento lavrado pelos organizadores e endossado por dezenas ou centenas de outros munícipes, seria mais um instrumento para oficializar.

Voz e vez
Como a Câmara não tem a Tribuna Livre aprovada, outra medida que poderia ter sido proposta seria uma reunião informal, logo após o fim da sessão, de preferência, com a participação dos vereadores. Desta forma, talvez fosse possível dar voz para os organizadores e outros cidadãos que se prontificassem a falar.

Ainda que alguns queiram criar resistência ao fato de ter nos legisladores a representação do povo, como disse o Borjão, o que ocorre na cidade, depende da "vontade política" dos vereadores que aprovam ou rejeitam leis. Este sistema de representatividade é o que está em vigor e a ele devemos respeitar. Podemos até propor mudanças como é uma discussão de longa data, mas enquanto não muda, devemos usar o que está em vigor.

Alienação
Um questionamento que me causou inquietação foi um ESTUDANTE gritar que precisava saber quando seria a próxima sessão! Este é o tipo de pergunta que denuncia a falta de informação elementar. Pode até não ser politizado, ter domínio do andamento de uma sessão, mas ao menos o dia e horário que já foi objeto de ampla discussão era o mínimo a ter assimilado. Espero que o mesmo tenha deixado o plenário devidamente informado.

Ação contínua
Depois que deixaram o plenário da Câmara, ouvi o Edilson Timóteo propôr a alguns que se aglomeraram em volta de que a mobilização não estava finda. Uma das propostas, que espero seja acatada pelos que ouviram, é de participar mais da vida pública e acompanhar as sessões ordinárias da Câmara. Quiçá, um bom número de pessoas abracem a causa e passem a participar regularmente.

E os outros?
Abro o leque agora para outras lideranças políticas que estão na espreita espiando e se posicionem para aproximar as pessoas da vida política da cidade. Senhores e senhoras que encheram as ruas da cidade com santinhos de todos os partidos, onde estão? Por que apenas alguns presidentes de partidos comparecem à Câmara? Que exemplo é esse que vocês dão aos demais filiados? Não têm tempo? Ora, então a presidência de uma legenda não é para você.

Façam campanhas de filiação para suas legendas. Não importa se são partidos de esquerda, direita ou centro. Articulem-se. Não importa se têm ou não vereador pelo seu partido na Câmara. É preciso contribuir para que o cidadão aprimore a sua cultura política, aquele que já a desenvolve, ou que seja instruído nos primeiros passos para tal.

Voz de comando
Em uma próxima mobilização, sugiro, ainda, que os manifestantes atentem-se para os pedidos ao menos de seus organizadores. Em lugar que todos gritam, ninguém se ouve. Em alguns momentos foi isso que ocorreu. Felizmente, sem maiores danos. Respeitada esta regra do falar e ouvir um de cada vez, tenho certeza que os avanços serão significativos.

Dedução estapafúrdia
Ouvi um comentário que preciso deixar manifesto meu repúdio. Como não foi só de uma pessoa, é bom que se deixe claro. NÃO ACREDITO QUE O PÚBLICO TENHA SIDO PAGO PARA ESTAR LÁ. Houve quem aventasse esta possibilidade em razão de, excepcionalmente, registrarmos muitas pessoas diferentes. Infelizmente, o público é meio "repetido". 

Na sessão do dia 4, estava lotado de funcionários preocupados em suas vantagens ou ovacionar seu ídolo ausente. Hoje, ao menos, se recolheram. Condeno abertamente isso porque não temos na cidade ninguém com cacife, neste momento, para bancar uma aglomeração contra o executivo. 

Mesmo porque, juntar gente contrária não é nada difícil. Inclusive entre os 16.114 cidadãos há um percentual elevadíssimo de arrependidos que começam a querer fazer alguma coisa para reverter o erro.

Felicitações
Em nome do Edilson Timóteo, cumprimento os demais organizadores pela disposição de convidar, articular, reivindicar, enfim, exercer a cidadania. Como disse certa vez o marido da deputada estadual Célia Leão, Daniel Edelmuth, "Ser cidadão dá trabalho". Acredito, porém, que mesmo em meio a todas as desilusões, existem pessoas dispostas ao labor que é intrínseco à construção de um mundo que possamos entregar aos nossos filhos.


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