PROFESSORA VIRA METRALHADORA SEM PUDOR E SEM CRITÉRIO



Durante discussão sobre o requerimento 2565, aprovado por 7 a 5 nesta terça-feira, dia 2, na Câmara de Vereadores de Campo Limpo Paulista, a vereadora Cristiane Damasceno cumpriu, à risca, o adágio de que "quem muito fala dá bom dia a cavalo". De cara, ficou muito escancarado o fato de que seu discurso foi encomendado pelo governo. As informações apresentadas têm forma, cor e odor putrefato da verborragia de petralha.

Em pleno 2017, para defender um governo que nem está sendo acusado, apenas será investigado podendo sair ileso do processo, apelou para uma sopa de letrinhas e números que remontou aos mandatos dos ex-prefeitos Luiz Braz e Armando Hashimoto.

A edil versou: "Vou ler algumas questões que me trouxeram a analisar, a pensar, que em 120 dias de governo algumas atitudes realmente estão em desacordo, mas penso e coloco que algumas pessoas estão de forma que eu discordo. Vamos voltar lá em 1999, rapidamente, para saber aonde chega o valor que hoje essa cidade arrasta, os milhões que hoje tem de débitos nesta cidade. Trouxe alguns fatos aqui: importâncias desviadas por meio de lançamentos inexistentes na conta destinada ao INSS, alguém lembra disso? Pois esse é um fato que algumas pessoas não lembram mais. TSE investiga desvio de recursos em Campo Limpo, desvio de verba pública na saúde do município em 1997, onde 57 mil habitantes era o número do nosso município e 120 mil eram atendidos com dinheiro dos cofres públicos, aproximadamente 18 milhões saindo de caixa. Empresa vencedora de licitação, Servical Med que recebia, em média, R$ 300 mil mensal, preços não condizentes com o do mercado."

O trecho acima é um dos que mais denuncia o fato de que a vereadora recebeu a cartilha pronta e se prestou ao papelão de falar em nome de quem deve fiscalizar. O que justifica tamanha sujeição? Vamos ter de aguardar para entender melhor.

Como a vereadora teve de ser lembrada de pedido de CEI rejeitado na gestão do Zé de Assis (2013 - 2016), é pouco verossímil considerar que ela teria conseguido levantar tanta informação, sobre gestões passadas e de assuntos que nem mesmo ela domina como, por exemplo, "não contabilização das inscrições e cancelamento da dívida ativa, renúncia da receita irregular, planejamento irregular de políticas públicas, transferências orçamentárias, demonstrativos contábeis inconsistentes, quebra injustificada na ordem de pagamento, folhas de balanço patrimonial".

Pegar o discurso dos outros também se configurou um erro ao sair "denunciando" a suposta inatividade de legislaturas passadas. Afinal, a Câmara tem hoje a filha de um vereador que estava em plena atividade em 1999 e 2011, anos mencionados pela professora. Isso confere ao vereador alguma conivência com o que ela considera irregular ou até mesmo crime dado o tom soberbo de sua fala?

O discurso montado por Orlato, endossado por Japim e proclamado para vereadora do PMDB também não considerou que estava atingindo uma outra integrante do Plenário: a vereadora Dulce. Ela emprestou a boca para dizer: "foi votada a mudança de DSU para SSU para manter cargos de nepotismo". Aqui, estava se referindo ao projeto de lei apresentado pelo ex-prefeito Armando Hashimoto no ano em que a vereadora Dulce foi eleita pela primeira vez.

Com a eleição da vereadora Dulce, na época, o Armando ganhou uma aliada de peso. Mas o fato do Sérgio Amato ser diretor de Serviços Urbanos criou uma saia justa que foi sanada com a criação da secretaria. A despeito de minhas desavenças e desentendimentos com o Sérgio Amato, ele é grosso e eu sou também, não sou obtuso para não reconhecer os valores de uma pessoa.

Na época, o Armando cometeria uma imbecilidade se apenas "se livrasse" do Sérgio Amato como um mero problema político. Ele sempre foi aplicado no que fazia. Se a cidade tinha cara de cidade, muito se devia ao seu empenho. Eu mesmo acompanhei pessoalmente algumas de suas rondas que não aconteciam no horário convencional.

Antes que a cidade estivesse acordada, ele já estava fazendo suas rondas. Quando eu passava alguma reclamação de buraco no asfalto, bueiro aberto, árvore caída, não raro ele já sabia do que se tratava e estava tomando as providências. E, quando lhe era fato novo, sempre tinha prontidão para resolver da melhor maneira e em tempo recorde.

Logo, senhora professora, antes de embarcar nesta jangada quebrada de querer atacar coisa velha, certifique-se, primeiro, quanto de prejuízo esta ou aquela ação trouxe à cidade. Posso afirmar sem nenhuma sombra de dúvida, que a decisão do Armando de mudar o status da Diretoria de Serviços Urbanos para uma Secretaria não trouxe nenhum ônus.

A metralhadora da professora, abastecida por discurso de petralha, também não considerou que estava atingindo outros colegas de parlamento, notadamente, Jurandir Caçula, José Riberto da Silva, Leandro Bizetto, Tonico e Ana Paula, TODOS INTEGRANTES DA LEGISLATURA ANTERIOR. 

Afinal, ela estufou o peito para indagar: "Por que no governo que antecipou a este, que foi um dos governos com mais escândalos e desvios nesta cidade, ninguém pediu uma CEI? Por quê?" Ora, sua retórica colocou todos na vala comum e conivência com o governo anterior. O que, obviamente, não é verdade. Mas vou destacar aqui o fato de que nos últimos dois anos da legislatura passada um dos seus colegas de bancada, hoje, era presidente da Casa. Será que quem montou o discurso-metralha esqueceu disso?

Depois de adotar um discurso indiscutivelmente partidário, pró-governo, ainda tem a coragem de dizer: "Sou contra o partidarismo a essa cidade". Ah! Então deixa o parlamento! Câmara não é lugar para conversa de comadres. É, sim, lugar de embates, posicionamentos, votos, tomadas de posições que podem ser vencedoras ou vencidas. Esta pregação da neutralidade é hipócrita.

Não contente, a continuação do pronunciamento é funesta: "Vocês me desculpem, mas o verdadeiro trabalhador, aquele cara que não tem partido algum, ele ainda nem sei se desceu do trem, está descendo, está dentro das faculdades. Nós temos 81 mil habitantes. Portanto, vejo uma quantidade mínima e partidarista dentro desta Câmara."

Ora, quem se dispôs a acompanhar a sessão não é um "verdadeiro trabalhador"? Lá tinha gente a favor e contra a CEI. Certamente alguns pararam no Paço antes de seguirem viagem para casa. Outros, talvez tenham vindo de casa especialmente para a sessão. Se estão empregados ou não, isso não os torna menos importantes, tampouco dispensáveis de acompanhar uma sessão e expressar de forma civilizada sua contrariedade ou aprovação a qualquer tema em discussão.

Ao desdenhar do público presente, de novo, faz uma pregação hipócrita contra o partidarismo. Ora, minha senhora, o que está DESGRAÇANDO CAMPO LIMPO é exatamente o partidarismo. A cidade foi invadida por aventureiros, expurgados de diversas regiões do Estado. Onde não deram certo e que, agora, precisam encontrar abrigo ou criar novos guetos como uma tal fundação de saúde para acolher os PARTIDÁRIOS de uma única legenda ou, no máximo, de uma mesma matiz ideológica.

Se a gestão pública pode estar saturada de partidários, logo, o auditório de uma Câmara também pode e, na verdade, deve. Assim se estabelece a democracia.

O vereador Leandro Bizetto não se intimidou e voltou à tribuna para dar os devidos esclarecimentos.

"A vereadora Cristiane Damasceno ela citou alguns fatos que ocorreram no passado e, de 2013 a 2016 eu me sinto incluído, por isso estou subindo aqui para alguns questionamentos e poder esclarecer. Primeiro ela iniciou em 1999 com a dívida de R$ 1,2 mil que virou R$ 8 milhões, que são R$ 12 milhões, que essa dívida foi feita pelo ex-prefeito Luiz Antonio Braz.

Não tenho vergonha nenhuma em falar o nome dele. Se está devendo tem que pagar. Não tenho procuração para defendê-lo. Como ela bem disse, foi em 1999 do qual eu não fazia parte. Então, também quero deixar claro, como ela bem disse, que esse processo se encontra na seara da qual eu entendo um pouquinho que é na parte jurídica: enquanto você não for condenado, com sentença transitado em julgado até a última instância, você não pode acusar nem afirmar nada.

Este processo ainda está no STJ que ainda nem subiu para o STF, está numa fase de embargos ainda. Então, está devendo? Eu também vou cobrar, porque é dinheiro da população que falta remédio. Se a Justiça determinar, vai ter de devolver. Não tenho procuração para defendê-lo. Mas também não tenho para acusar, porque não foi transitado em julgado. Esse é o primeiro ponto. 


Segundo ponto: do contrato da Servical Med. Quando foi firmado eu não fazia parte do governo, cabia, então, aos vereadores da época, fazerem ou não. Eu não sei nem que eram. Tentei pesquisa ali no google, mas o meu 3g não está funcionando muito bem. Não posso dizer quem eram os vereadores da época, mas esses podem vir e questionar se foi pago 300 se foi pago 1 milhão. Não sei. Não fazia parte do governo, então não falo.


Mas agora vamos falar de 2013 a 2016. Donde ela falou da empresa Pró-Saúde. Biliero está sentado lá no fundo, estou vendo ele lá. Ele era assessor do falecido vereador Borjão. Quando houve a denúncia no CQC, fui eu que entreguei praticamente toda documentação para o vereador Borjão que pediu que eu participasse da entrevista, mas eu estava em audiência e não pude participar. Outro fato: teve aqui alguns requerimentos, inclusive do próprio vereador Borjão, que sempre votei a favor.

Tinha umas figurinhas levantando quem era contra quem era a favor. Tudo o que poderia ter feito eu fiz. Se não fiz mais, foi porque não tive à época, os votos necessários para que pudesse passar. Não era nem eu. Era o vereador Borjão que tanto brigou pelas injustiças que estavam sendo feitas tanto a ele quanto ao vice-prefeito Marcão do qual a vereadora saiu candidata no partido dele. Então, é simples: não tenho procuração para defender nem o Luiz Braz, nem Armando Hashimoto e, muito menos, José Roberto de Assis. Eu defendo a mim, Leandro Bizetto, e a população.

Quando a gente fala que existem erros, como o vereador Paulinho falou, a gente está chamando aqui para que esclareçam. Ninguém está acusando. Nós queremos que esclareçam. Estou vendo vários advogados aqui. Vi o dr. Guaraci [Aguera], vi a dra. Thelma [Braga]. É o direito da ampla defesa e o contraditório. Agora falar que não foi dada oportunidade? Como bem disse o Marcelo Araújo: foram feitos dois ofícios, foi feito requerimento, foi dado prazo, foi dado prazo novamente. Não entregam.

Um fato mais claro agora, recentemente. Nós convocamos  o secretário de Saúde para que viesse explicar aqui porque está faltando remédio, porque está faltando especialista, porque o coordenador das ambulâncias está agredindo funcionários, sabe qual foi a resposta do secretário? Ele foi convocado, não convidado. Existe uma grande diferença. "Não posso ir na segunda [24.abr] porque tenho outros compromissos. Vocês remarquem para sexta-feira [28.abr]." Quando foi na quinta-feira, à noite, eu recebo uma mensagem do presidente [Dênis] dizendo que o secretário de Saúde não vem nesta casa porque ele aderiu a greve. Mas o prefeito soltou uma nota oficial que não tinha aderido a greve. E como ele é membro de alto escalão, ele deveria estar aqui. Para poder explicar pra gente e passarmos para a população o que está acontecendo. Agora, não, não vem.

O meio legal de se fazer é o que estamos fazendo. É inadmissível, como bem disse o vereador Paulinho, as irregularidades, nas poucas nomeações que vieram, a gente acabou vendo. Por exemplo, não vou citar nome de nepotismo porque não é fato, não é concreto, ainda não está provado que é, ou não. É uma suspeita que nós vamos apurar. Então não quero dizer nome para não deixar a pessoa constrangida, esse tipo de coisa acho que não é justo. Mas vou citar uma portaria de nomeação aqui, só para vocês terem ideia de como está sendo conduzido esse governo. Eu concordo com o Paulinho e com Marcelo quando falam do dr. Japim. Eu também acho o dr. Japim uma excelente pessoa, honesto, sincero, mas a equipe dele não ajuda. Eu não posso fazer nada." 

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