Porquê não voto sob o pretexto da fé professada


Virou moda, agora, dizer que é preciso votar nesse ou naquele porque é "irmão" ou "irmã", isso no sentido de pertencer à mesma corrente do cristianismo. Sei que nos parlamentos municipais, estaduais e federal existem pessoas que professam a mesma fé que eu e que são de ilibada honra e reputação. Mas não posso dizer que 100% são pessoas por quem colocaria a mão no fogo.

Todo aglomerado de pessoas tem sua cota de safado. A igreja não é a reunião de perfeitos é, apenas e tão somente, uma congregação de imperfeitos que vivem em comunidade, para seguir preceitos comuns que estão no livro de regra, fé e prática que é a Bíblia, em busca do aperfeiçoamento. Uns obedecendo mais, outros menos. Uns com deslizes escandalosos, outros com coisas que só Deus e mais alguma testemunha vê.

Assim como em todo grupamento humano, os níveis e velocidades do crescimento e amadurecimento variam. Um aprende mais rápido, o outro é mais lento. Um aprende caindo, outro de ver os outros tropeçar.
Seguindo esse raciocínio, não são todos que aparecem dizendo que são irmãos, temem a Deus, "foram batizados", cumprimentam com 'boa noite, a paz do Senhor' que têm o caráter de Cristo forjado em si.

Não posso dizer: 'esse tem', 'aquele não tem', pois Deus não me constitui juiz. Porém, o fato de não poder condenar, não me impede de avaliar. Não é porque usa o termo popular: 'é crente' que posso confiar cegamente.

Isso posto, ressalto que não é o confissão religiosa que vai me convencer de votar ou não. Se fosse para seguir esta ideia, iria pedir uma audiência com o Todo-Poderoso e perguntar porque na Bíblia até mesmo a nação de Israel onde, em tese, todos deveriam ser "crentes", e houve períodos nos quais os governantes tinham um grau de impiedade tão grande, que concorria com os povos que foram expulsos da terra prometida por práticas abomináveis como oferecer, em sacrifício, as crianças aos seus deuses.

Abraão, patriarca fundador da nação israelita, prosperou em terras onde os reis não serviam a Deus. José, bisneto do Pai da Fé, chegou a ser o segundo homem do império mais poderoso de seu tempo, abrigou sua família no Egito e, nem por isso, Yavé era considerado Deus daquele povo.

Muitos séculos depois, por desobediência aos mandamentos registrados na Lei e nos Profetas, o povo foi levado cativo para a terra de Babilônia. A promessa de Deus, segundo a Bíblia, é de que todos que fossem piedosos e não deixassem de servir-Lo, mesmo estando em terra estranha, iriam prosperar e cuidar de suas famílias. No meio disso tudo, não existe relato que a religião dos babilônicos tenha sido mudada.

Há o episódio que Nabucodonozor, por decreto, determina que não se blasfemasse mais contra o Deus dos rapazes hebreus que foram jogados numa fornalha e sobreviveram. Mas isso não significa que a Babilônia passou a seguir a Lei Mosaica. Mesmo assim, a narrativa do livro de Daniel aponta que "Então o rei fez prosperar a Sadraque, Mesaque e Abednego, na província de babilônia." (Daniel 3:30). Isso posto, como cristão tenho o dever de orar pela minha nação e pelos governantes. Tê-los convertidos à mesma confissão de fé que a minha, é outra história.



Post-scriptum
Pensando estritamente como evangélico, é claro que quero a fatia da sociedade que faço parte devidamente representada. Na pretensão de dizer que o Estado é laico, tem pilantra que sai dizendo que este ou aquele movimento religioso não deveria ter representação. Se assim fosse, iriam logo impor suas ideias antropocêntricas onde Deus não vale nada, a Bíblia é um livro a ser queimado e as igrejas são espaços alienantes.

Por estar numa sociedade livre e democrática, quero ver representantes da corrente evangélica e não posso torcer o nariz para quem levanta a bandeira da Igreja Católica, por exemplo, ou de outras religiões.

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