Decisões do fígado


A despeito nova “kiridinha du Brazil”, Marina Silva, aparecer despontando nas intenções de voto num período de grande comoção nacional, não há nenhum argumento que possa reverter minha visão sobre sua pessoa. 
Posso até ficar entre as minorias, mas nunca precisei de maioria para definir minhas posições. O fato de termos uma mesma confissão de fé (protestante), para mim, não é critério de escolha. Admiro a sua história pessoal de escolarização em fase adiantada da vida, alcançar graduações acadêmicas elevadas, ter conquistado algum capital político, mas minha admiração para por aí.

Não considero que uma cruzada contra o agronegócio (como se todos os males do país fossem gerados neste setor da economia) seja postura inteligente. Mesmo não sendo lobista de nenhum latifundiário da soja ou da cana-de-açúcar, é de péssimo conteúdo alguém defender sustentabilidade apenas como ‘o não corte de nenhum arbusto’.

O tema do meio ambiente tem relevância? Sem dúvida. Entretanto, neste momento não há discussão com profundidade e amplitude suficiente que inclua o País e não apenas uma região do território.
O estilo “goela abaixo” da nova “kiridinha” ou é ignorado ou será subestimado por uma parcela de seus simpatizantes. Não vivi a plenitude da ditadura, mas é o tipo de coisa da qual posso dizer que não tenho saudade. Gente que determina: ‘ou é o do meu jeito ou não é’, costuma oferecer mais perigo do que quem até fala grosso, mas aceita dialogar.

Embora eu seja contra o fisiologismo (quando os partidos se prostituem por conta de coisas escusas), a capacidade de conciliação entre partes conflituosas é o cerne da boa política. Esta habilidade, infelizmente, foi sepultada com Eduardo Campos. Que era o tipo de esquerdista, não ideologizado. Sabia que tinha uma visão de mundo, mas não era a única a ser contemplada.

Meus votos nunca foram definidos por ‘afinidade’, sorriso de propaganda e aceno na carreata. Quando Mercadante foi candidato ao Senado, votei nele. Apesar de abominar ao petralhismo, via nele na ocasião um homem em condições de representar SP no Senado. 
Depois, mostrou-se um completo banana, perdendo espaço até dentro do partido e sendo jogado na fogueira pelo próprio Lula para disputar o governo do Estado ao invés de indicá-lo a seu sucessor o que, talvez, teria sido menos pior para o país do que a Dilma Rousseff.

Na ocasião que votei em um petista, não defini meu voto pelo fígado. O fiz por algumas razões lógicas. Pesos e medidas no perfil, na postura, no trato com os amigos e com os rivais.
Deixando o fígado de lado, também votei em Serra para presidente, mesmo cônscio que iria perder a eleição. Essa história de ‘vou votar em quem vai ganhar’ é coisa de preguiçoso que não quer ler, ouvir, digerir e decidir fundamentando suas posições.

Não escondo que sou antipático à pessoa do Serra, contudo, não voto por camaradagem, por quem me paga a rodada de suco no bar e, sim, por quem mostra algum conteúdo.
Neste momento, o Brasil está devidamente preparado e formatado para pensar com o fígado e decidir com o estômago. Segundo último levantamento, uma tragédia mobilizou pessoas que estavam decididas a votar branco ou anular. Sendo que nisso vejo uma das piores manifestações de covardia, tal qual a abstenção.

Quando estampei meu voto para presidente da República, um interlocutor foi lacônico ao dizer que via nisso um mal do partidarismo. Pedi clareza, mas não recebi.
Como não sou titubeante apenas recorro ao que me assegura a Constituição Federal: “ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei” (CF, art. 5º, inciso VIII).

E viva à Democracia!

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