A escola, os educadores e a família


Embora a semana seja de comemorações e homenagens aos profissionais de Educação, tenho um protesto para deixar registrado. Há alguns dias, uma professora fez uma defesa via redes sociais com a qual pactuo em gênero, número e grau. 

Ela falou sobre uma discussão que se iniciou acerca de festinhas promovidas nas escolas. Em sua argumentação, a educadora afirma que “a escola, seja ela qual for, não tem a função de propiciar esse tipo de atividade aos alunos”. Contudo, como é uma prática consolidada, ela cita a necessidade de maior integração entre os gestores escolares e as famílias.

“Quem sabe alguns pais de alunos resolvam se unir e fazer um mutirão de limpeza, ou de pintura em suas escolas, ou quem sabe, uma gincana para levantar fundos que possam contribuir com algum equipamento que a escola esteja precisando. Não podemos apenas nos limitar a cobrar os órgãos públicos e ficar sentados, esperando que os governos (federal, estadual e municipal) façam o que lhes é de dever. Devemos cobrar, sim, mas também fazer a nossa parte.”

Seu posicionamento, por óbvio, trouxe manifestação contrária. Outra participante refutou dizendo que “pela divulgação do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário esse ano de 2013 foram necessario nada menos que 150 dias de trabalho para quitar as dividas com o fisco, isto representa 41,08% da renda bruta do trabalhador.” 

Com base nesta informação, a autora alega que “o brasileiro já contribui muito, até demais, com os governos federal, estadual e municipal, portanto temos, sim, que ter todos os serviços públicos com qualidade, temos, sim, que cobrar e exigir. Não concordo que o pai tenha que pintar, limpar escola.” 

Na contestação, a pessoa cita que se for seguido este raciocínio, será preciso arrecadar dinheiro para a manutenção de outros serviços públicos.

Pois bem. Diante da celeuma, embora concorde que pagamos muito imposto, não entendo que o mote da professora abra precedente para que a população arque com outras despesas.

A comunidade escolar tem, sim, que aprender a contribuir mais com a escola. Em regiões muito mais pobres do que as nossas, as escolas são bem cuidadas, cadeiras não estão todas quebradas porque todos se percebem donos daquilo e ajudam a conservar.

Quando da propositura que a família esteja melhor engajada até em serviços laborais nos espaços educacionais isso é decorrente de um precedente que é peculiar à escola. O mesmo não é aplicável a um hospital, um posto de saúde ou outros equipamentos públicos.

De fato, todos pagamos impostos e devemos reivindicar o retorno do mesmo em investimentos. Contudo, pouco falamos daqueles que não pagam IPTU apenas para esperar os benefícios do poder público para que tenha os descontos e perdões. Logo, enquanto a maioria de nós lembra de direitos (uma postura correta e necessária), uma minoria sabe reconhecer deveres.

O art. 227 da Constituição Federal afirma que “é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”

Os agentes citados são: família, sociedade e Estado. Contudo, em se tratando de Educação temos um exército de “folgados” que não se responsabilizam sequer pelo comportamento do filho que é vândalo, quebra tudo, arrebenta todos, agride professor e o meliante reprodutor não tira satisfação da sua cópia, vai inquirir do professor, do coordenador, da diretora, do psicólogo, do secretário municipal, vai no raio que o parta, mas não olha sequer para si mesmo e ver onde ele/ela deixou de cumprir com a sua responsabilidade.

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