Que País é esse?


A pergunta de Renato Russo, que ecoa desde os anos 1980, continua sem uma resposta objetiva. É bem verdade que outro grande poeta, Tom Jobim, ponderava que o Brasil é "um país de para baixo". O mesmo Tom afirmou que "o Brasil não é para principiantes". Muitos anos depois que deixaram este plano da existência, as declarações dos poetas continuam vívidas. Esta semana, em especial, suas figuras foram avivadas em minha memória. A sucessão de chamadas na imprensa nacional, para mim, são de causar rubor a qualquer cidadão com um mínimo de disposição para ser honesto.

Entretanto, em se tratando dos governantes petralhas e daqueles que escolheram ser otários em nome de uma ideologia esquerdopatizada, não existe nada pelo que se surpreender. Tudo é válido. Tudo é normal. E, se começou na gestão do FHC, como apontou depoimento ouvido esta semana na Polícia Federal, em Curitiba, tudo bem! É aquela história: 'Se eles podiam, por que nós não?'

A esta altura do campeonato, com a deflagração da 9ª etapa da Operação Lava-Jato que trouxe mais revelações tão aterradoras quanto as de Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, a gangue prefere adotar o discurso de intriga, armação da grande mídia, jogo de cena dos partidos de oposição, anti-petismo dos coxinhas paulistas ou coisa que o valha.

A gangue resolveu se reunir em Belo Horizonte para comemorar os 35 anos de embuste. Uma vez aglomerada a 'fina flor' da podridão, o atual tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, não só se faz presente, mas teve seu momento de glória. Uma cartase de pilantras, com direito a aplausos efusivos de uma plateia que, pelo visto, deve suas eleições e funções no poder à habilidade dos tesoureiros petistas em arrecadar tantos fundos de origem duvidosa.

O apedeuta-mor, Lula da Silva, declara em alto e bom som que, na dúvida, fica com o companheiro. Lealdade típica de gangue. Parece que a bandidagem nacional fez pacto de sangue. Cumprimentaram-se com escarro na mão. E, tal qual se pratica entre marginais que roubam em menor monta, devem praticar o selinho como prova de cumplicidade e devoção.

Dilma Rousseff que, mais uma vez, manteve o peso de seu capricho e teimosia na escolha do novo presidente da Petrobras, ainda vocifera no meio da trupe dizendo que os brasileiros devem ter orgulho da estatal. Eu não me envergonho da empresa. Tenho sim, orgulho da mesma. Entretanto, tenho amor próprio. E como "dono" da petrolífera, assim como os demais 200 milhões de brasileiros, não posso me orgulhar da mesma ter sido invadida e estar num estado de sucateamento tão acentuado que ninguém fora do grupo governista, com o mínimo de seriedade, aceitou ao convite da generala.

A dieta da semana incluiu da comida estragada ao fel. Meu prato indigesto foi ver estampado na mídia o fato que o Moluscão continua tendo mais poder de influência do que merece. Foi por sua intervenção que Dilma, enfim, resolveu mudar a diretoria da Petrobras. O jogo de cena da "demissão coletiva" foi só medida para "saída honrosa", se é que isso seja possível no atual contexto.

Além de ficarmos estupefatos com a sucessão de desgraças, resta-nos a expectativa de que o povo brasileiro aprenda algo com tudo isso. Aprender a votar, seria, talvez o primeiro passo. Entretanto, nem almejo tanto para um espaço de tempo tão curto. O petralhismo é uma chaga que se aproveita da corrupção endêmica, da vontade de tirar vantagem em tudo que ainda macula o povo brasileiro. 

O petralhismo torna institucional a conduta do malandro. Assim, vê-se no topo das hierarquias gente que age como se estivesse no baixo clero. Canalhas capazes de achar que estão "se dando bem" ao receberem troco a mais na catraca do ônibus e não avisar ao cobrador. Considera-se aceitável ser nomeado para um cargo público com carga horária de 30 horas semanais, e aparecer apenas cinco, quando aparece.

Não sou incrédulo a ponto de não acreditar que isso possa mudar. Porém, só vislumbro isso possível a meus filhos e netos. Na minha geração mantenho-me disposto a lutar até o último limite das minhas forças. 

Posso não ver a mudança, mas quero morrer com a consciência tranquila de que, pelo menos, a semeei.

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