Mudança a caminho?

Hoje, 17 de junho de 2013, completam-se quatro anos que o Supremo Tribunal Federal derrubou a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Foram 8 votos a 1 que mudou a forma como os profissionais de jornalismo passaram a ser observados e, em certa medida, passaram a se perceber.

Perdoem-me os mais entusiasmados, mas tenho o direito de alimentar meu ceticismo e dá lugar a um espírito blasé. As páginas dos jornais desta terça-feira, 18, editadas por profissionais diplomados ou não, terão seu valor histórico. As revistas semanais, independente da ideologia de seus editores, devem dar exaustiva cobertura no próximo fim de semana.

Serão páginas obrigatórias para a hemeroteca de quem ainda as elabora. Os sites estão pulsando com fotos, comentários, agressões, elogios. As redes sociais estão sendo, mais uma vez, veículos para as expressões de toda ordem.

Para mim, a data passa a ter mais um evento a ser citado. Não tenho dúvidas quanto a isso. Contudo, tenho o direito de deixar algumas perguntas na minha lista inquiridora para as quais não tenho resposta e, provavelmente, apenas o correr dos dias, meses e anos, de fato poderá, talvez, responder.

1) Será que a data passará, de fato, a ter mais um evento para ser relembrado daqui a 365 dias? Ou será algo apenas para ser revisitado no arquivo digital ou de papel de quem as editar?

2) Será que nas eleições de 2014 estas manifestações e seus desdobramentos servirão para expurgar Calheiros, Genoínos, Dirceus, Malufs, e outros aloprados afins verdadeiros ícones do cinismo?

3) Será que ouviremos menos eleitores perguntando aos candidatos a vereador, deputados estadual e federal menos pedidos, ou melhor, nenhum pedido, para pagamento de coisas prosaicas e passarão a indagar sobre planos de governo?

4) Será que as depredações, ônibus incendiados, confrontos no Rio de Janeiro e em São Paulo é o preço obrigatório de uma reivindicação?

5) Será que teremos mais eleitores comparando currículo de candidato para decidir o voto ao invés de fazê-lo pelo jingle mais divertido?

6) Será que a brincadeira com o voto responsável pelo ingresso de elementos como Tiririca e outros indivíduos que fazem "micagem" com o horário eleitoral nas emissoras de rádio e televisão?

7) Considerando que entre as pautas do protesto está o sistema político, e não apenas o aumento ou não redução de tarifas, será que os eleitores passarão a considerar propostas de trabalho e não apenas promessas milagrosas que são soltas aos quatro ventos sem planejamento, sem prova de possibilidade de execução?

8) Falando em mídia, será que a audiência da Rede Globo vai, de fato, diminuir?

9) Se há tanta gente contra a Copa do Mundo, os ingressos disponibilizados serão utilizados apenas pelos turistas?

10) Será que os pais passarão a acompanhar as atividades dos filhos em suas escolas?

São só perguntas. Não precisa querer me linchar. Afinal, estamos em um momento de manifestações, esta é a minha. Apenas virtual? Sim. Não fui à Capital, provavelmente não iria, considerando as narrativas pouco animadoras dos dias anteriores. Mas não preciso provar a ninguém quanto à minha cidadania militante.

Como afirmou Ulysses Guimarães (1916-1992), no dia 5 de outubro de 1988, quando da promulgação da Constituição Federal: "Muda, Brasil!"

 
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