O gigante ronca e baba


No início da segunda quinzena de setembro, circulou a informação que, de acordo com  levantamento realizado pelo Ibope, Tiririca (PR) e Maluf (PP) estão entre os cinco mais cotados para continuar “representando” São Paulo  no Congresso Nacional.

Os outros três deste pelotão incluem Marco Feliciano  (PSC), Celso Russomano (PRB) e Baleia Rossi (PMDB). Apesar disso, ainda vemos circular a apologia do não-ouvir, não-assistir, não-ler, muito menos pesquisar a vida pregressa dos candidatos. 

O que vai acabar acontecendo no dia 5 de outubro? Nem preciso de bola de cristal para ver isso: um exército de gente terá a pachorra de ir para a sessão eleitoral, abaixar na porta dos locais de votação emporcalhados, pegar um papel qualquer e apertar os números na urna. 

No dia seguinte, se perguntar para quem o infeliz votou, não vai lembrar. E ainda querem que os parlamentos sejam bons? É a isso que chamam de “Gigante que Despertou”, “Clamor das Ruas”?

O mesmo instituto divulgou que a esta altura do campeonato apenas 12% dos paulistas sabem em quem vão votar para deputado.

Foram entrevistadas 7.600 pessoas e apenas 912 conseguem dizer para quem vai votar como seus representantes no Legislativo?! Não são candidatos demais (1485 federal; 2127 estadual) para atenção de menos? Quando é a eleição mesmo? Hum... deixa ver, daqui 16 dias!

Depois vão querer gritar: ‘abaixo a corrupção’! Vão “igigi”: escola de tempo integral; médico dentro de casa; UBS com todas as especialidades; todos os hospitais com atendimento de alta complexidade e UTI; todo mundo com casa própria; carteira cheia; opções de investimentos na bolsa de valores; inflação sob controle; poder de compra mantido; transporte público à disposição na hora que coloca o nariz para fora de casa; rodovias e vielas com asfalto de tapete persa; 8 milhões de km² com banda larga no padrão japonês; água tratada em volume suficiente para tomar banho na calçada; esgoto coletado e tratado em 5.565 municípios; vagas de empregos com salários de padrão europeu ali na esquina.

Se queremos moralidade, não corrupção, as tais mudanças e renovações (palavrinhas que entram na moda a cada eleição) têm de começar na base, ou seja, no povo, em nós. 

Os políticos não são nada mais, nada menos, do que reflexo do que somos em nossa maioria. Não vão surgir gestores perfeitos de uma massa imperfeita. Não vão surgir gestores que são workholic (viciados em trabalho) de uma massa que exalta o ócio. Político não vem de Marte, emerge do povo.

No dia 16 de setembro, estive em uma sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Campo Limpo Paulista. Foi a 34ª que presenciei das 36 que aconteceram desde o início da 12ª Legislatura Municipal.

Sempre considerei inadmissível o fato da Casa só ter arrastão de gente mediante alguma pauta conflituosa. No meio de mais de 50 mil eleitores, mais de 74 mil habitantes, não seria possível que moradores, líderes comunitários, presidentes de partidos e entidades acompanhassem as atividades parlamentares? São apenas 112 lugares (salvo engano). Mesmo assim, não se ocupa nem metade com pessoas que tenham potencial de influenciar a sociedade.

Reivindica-se representantes de qualidade, incorruptíveis, que vão dar sangue, suor e lágrima para representar este ou aquele município, este ou aquele grupo social. No entanto, as reuniões de associações de moradores, que acontecem ali na esquina, uma vez a cada castanha, sempre são carentes de quórum.

Todo mundo quer parlamentos de padrão nórdico, e a massa se comporta como cidadão de 5ª categoria. A esmagadora maioria sequer se importa com a reunião de pais e mestres nas escolas onde os portadores de seus códigos genéticos estudam. E ainda se queixam da qualidade de quem está nas câmaras, assembleias e Congresso Nacional? Pois é. Eu não acredito no fantástico mundo de Bob.

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