Abaixo o chapa-povismo


Este ano é eleitoral! Uau! A partir de agora até 2 de outubro surgirão especialistas em todas as áreas do serviço público. Gente que não sabe separar as atribuições de Legislativo, Executivo e Judiciário, confundindo alho com cebola, vai falar em banca de feira, caixa de mercado, fila da lotérica, bomba de gasolina, esquinas disputadas por profissionais do sexo e, claro, o clássico boteco aquele para o qual criaram o slogan “Bar é Cultura” (sic!).

De repente, todo mundo terá as soluções para todos os problemas do maior ao menor, do mais antigo ao mais recente, do mais complexo ao mais prosaico.

Todo mundo vai saber como acabar com morador de rua, mato em calçada, trânsito violento, droga nas escolas, gestação de risco, consulta médica, remédios, salários, equipamentos de exames (todos). 
Todo mundo terá a solução da casa boa e de graça (afinal, nem cinquenta reais se quer pagar nas casas populares). Nos discursos dos solucionadores-de-tudo sempre estará o comovente comentário de que é preciso ajudar os mais necessitados.

Gente como dona Mocreilde que invade terreno, se abriga sob uma lona com uns gravetos de escora e, quando surge reportagem, dá entrevista dizendo: ‘Ieu tô aqui prumode consegui uma casa pra morá com mias duas fia’. (Se tivesse ido estudar primeiro antes de procriar, as filhas teriam melhor sorte).

Usando essa prosa de que todo mundo é um bando de coitado e precisa de ajuda as conversas, planos mirabolantes, ideias infalíveis e perfeitamente exequíveis (só que não) vão pulular até dos bueiros. 
As soluções estarão grafadas nas asas envernizadas das baratas, nos lombos gordos dos ratos, nas caldas frenéticas das lagartixas. Enfim, gatos, cachorros, grilos e cigarras saberão como resolver tudo.

Enquanto as soluções mirabolantes surgirão, os mais metidos a ‘inteligentinhos’ vão sair dizendo que tudo é culpa única e exclusivamente dos políticos. 

O discurso do chapa-povismo que sempre busca isentar as massas de suas responsabilidades. Segundo a filosofia das cochas desta gente, o vagabundo que sai de casa e joga lixo na estrada por onde passa, é um coitado que não tem ‘o lugar adequado para jogar o seu lixo’. 

Engraçado que ninguém aceita dizer que se o meliante junta o lixo em sacos, coloca na carroceria de seu quatro por quatro ou na sua “charrete” motorizada e lança no primeiro terreno baldio que encontrar, ele está longe de ser um necessitado, e absolutamente dentro do padrão de porco, anti-cidadão, indecente, imoral.

Até outubro vai ter um exército de gente dizendo que quer honestidade! Abaixo a vantagem dos “pulitikus”. Mas se virar um caminhão com eletrodomésticos na rodovia, os mesmos reivindicadores da honestidade vão saquear tudo, até que alguém leve o caminhão vazio e venda as peças como sucata.

A grande massa que vai sair gritando que está tudo abandonado porque este é ladrão, aquele é corrupto, o outro é mentiroso etc, é a mesma que se receber dez reais a mais de troco, vai achar que está no lucro e nem comenta nada com quem teve a infelicidade de contar errado.

Esta semana, saiu pesquisa mostrando que uma expressiva parcela da população, agora, somente agora, percebeu que a corrupção é um problema maior que as debilidades na gestão de Saúde e Educação. Fico até comovido com tanta “clareza”. Minhas lágrimas rolam (para dentro).

Afinal, temos uma esmagadora maioria de pessoas que adoram ocupar o posto de trabalho por 6 ou 8 horas e enrolar pelo menos duas. Com isso, acha que está se dando bem ao ganhar “sem fazer nada”. Já que o patrão tem, ele que se vire para dar.

Tudo isso é errado. São ações encharcadas de vícios prejudiciais à vida em sociedade. E daí? O que quero? Que as pessoas se calem? Não! Absolutamente. Quero apenas que mudem, melhorem, cresçam. Se não fizerem assim, então, que continuam falando. Desta forma, terei sempre em quem descer o reio.

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