Leitor preguiçoso tem passagem grátis



Leitor preguiçoso traz prejuízo para si e para a sociedade

Esta semana, fui gentilmente questionado por um leitor sobre porque eu não diminuo o tamanho dos textos publicados na coluna do Jornal O Pêndulo, onde colaboro desde fevereiro de 2006. Ele justificou que o motivo seria o fato de as pessoas terem preguiça de ler. Sem titubear, respondi ao nobre amigo e resolvi tornar público que não tenho nenhum interesse em leitor preguiçoso. Se é gente que se acha informada com postagens de 140 caracteres de twitter, não quero este leitor no meu rol.

Houve o tempo que eu até evitava esta ou aquela palavra com medo de alguém não entender. Contudo, parei com isso. Se a palavra que me vêm à mente traduz o que quero dizer e não está no vocabulário do cotidiano, aplico sem receio.
Aquele que não entender pelo contexto, pode consultar o velho e bom Dicionário. Quando eu era menino, sem computador, sem internet, sem aparelho móvel 3G, sem tablet ou coisa que o valha, o recurso de pesquisa que tinha para consultar uma palavra era um volume tão pesado que podia servir como arma. Hoje, tem dicionário de todo tamanho, além dos  digitais que dá para instalar no celular.

Não é raro eu ter de consultar o que quis dizer este ou aquele escritor ao escolher determinados vocábulos.  Sem cerimônia, recorro ao velho e bom hábito de pesquisar. Não me arranca pedaço, não faz cair a minha mão e, ao término da consulta, agrego mais uma palavra ao meu vocabulário. Simples assim.
Concordo com meu interlocutor no argumento de que as pessoas têm preguiça para ler. É verdade. Uma triste verdade.
Temos este panorama de desventura presente na sala de aula, na linha de produção, na reunião de representantes comerciais, na videoconferência para suporte de tecnologia da informação etc.

Enfim, a preguiça para a leitura dá como frutos profissionais péssimos, cidadãos putrefatos e instituições perecíveis.

O preguiçoso é tão nocivo à sociedade quanto a si mesmo. Isso porque, pela preguiça, o indivíduo assina absurdos em um contrato e, depois, quando Inês é morta, quer reivindicar direitos. Ainda que não tenha cumprido um dever elementar: ler e entender aquilo onde empenhou seu nome.
Quando era criança, li um texto que sempre guardei e procuro aplicar: “Quem lê, sabe mais, pensa melhor, compara ideias, prepara-se melhor, tem o que falar, tem o que responder, fundamenta suas opiniões, aumenta sua compreensão, amplia o vocabulário, tem mais oportunidades, absorve experiências, sabe o que está acontecendo, resolve melhor seus problemas.”

Diante disso, só tenho a manter a posição de que, para mim, leitor preguiço tem passagem grátis –e não é no transporte público!
Por conta deste raciocínio, fui indagado, ainda, se a meta não é ter cada vez mais leitores. Claro que é. Contudo, dispenso o preguiço.
Prefiro aquele que terá prazer em, após ler, se posicionar contra tudo o que eu disser. Não escrevo para formar o ‘Clube da concordância’. Gosto do discordante.

Isso porque ou ele/ela pode me fazer rever um ponto de vista, ou me oferecer mais subsídios para sustentar meu argumento. Entretanto, isso só é possível porque também leio a opinião daqueles de quem discordo.
Isso posto, agradeço aos que têm disposição para ler quer concordem ou discordem. Cada leitor, independente do posicionamento político ou ideológico, favorável ou contrário ao meu, está na lista daqueles por quem busco a excelência.
Para quem tem preguiça não precisaria melhorar, uma vez que são alfabetizados, mas não letrados. E, pior, não passam de analfabetos funcionais. Isso pode mudar, basta querer, ao menos, ler.

 
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